Em 10 anos, Portugal viu o crime violento descer. Mas, só no último ano, os homicídios aumentaram 34%
Os números oficiais revelam que entre 2008 e 2018 a criminalidade grave e violenta sofreu uma redução de mais de 40%. Mas os números mostram também que os homicídios dispararam no último ano. Parece um contrassenso, mas não é.
Apesar de os crimes violentos e graves terem diminuído 42,5% nos últimos dez anos, representando 4,2% de toda a criminalidade participada em 2018, os homicídios voluntários consumados aumentaram 34,1% só no último ano.
Os dados são apresentados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), que dá conta de uma diminuição de 8,6% da criminalidade violenta e grave no ano passado, em relação a 2017, e de uma descida de 2,6% dos crimes gerais. O relatório é aprovado, esta quarta-feira, na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna.
No âmbito da criminalidade violenta e grave, os dados do RASI mostram que se registaram aumentos nos crimes de extorsão (mais 160 participações do que em 2017) e no homicídio voluntário consumado (mais 28).
Por sua vez, os crimes que contribuíram para a diminuição deste tipo de criminalidade no ano passado foram o roubo por esticão, que desceu 18,6% (menos 734 participações) e o roubo na via pública sem ser por esticão, que baixou 9,4%, menos 552.
Já no âmbito da criminalidade geral, os crimes de burla informática e nas comunicações aumentaram 20,1% (+1.614 participações) e o furto em veículo motorizado subiu 5,1% (+1.153).
Para a redução de 2,6% da criminalidade geral em 2018 face a 2017 contribuíram os crimes de incêndio e fogo posto, que registaram uma descida de 36,8% (menos 4.125 participações) e, dentro destes, os incêndios florestais, que diminuíram 30,5%.
No ano passado diminuíram também os crimes de contrafação e falsificação de moeda e da passagem de moeda falsa (-21,5%) e da condução de veículo com taxa de álcool superior ao permitido por lei (-7,9%).
Os dados do RASI mostram igualmente que a violência doméstica contra cônjuge registou uma diminuição de 0,9% (menos 230 casos), com 26.483 casos registados nas forças de segurança em 2018.
Apesar das detenções por tráfico de droga terem aumentado 12,4%, as quantidades apreendidas pelas forças de segurança diminuíram 64,5% em 2018, ano em que a criminalidade grupal baixou 4,5% e a delinquência juvenil reduziu 8,7%.
Os dados de 2018 revelam ainda que aumentaram em 10,3% as detenções no âmbito da investigação criminal, registando igualmente subidas as fiscalizações das armas e explosivos (2,7%) e as apreensões de armas de fogo (23%).
Também aumentaram em 9,8% as ações de fiscalização à atividade da segurança privada, bem como os autos registados (10,7%).
No que respeita à prevenção e combate a incêndios florestais, o número de fogos diminuiu 30,5% em 2018 e a área ardida 91,9%, tendo os meios aéreos registado uma diminuição de 36,4% no número de operações.
O ano de 2018 representa o segundo valor mais reduzido em número de incêndios e o terceiro valor mais reduzido de área ardida, desde 2008.
Os resultados de 2018 em matéria de segurança rodoviária demonstram a existência de mais quatro vítimas mortais (+0,8% do que em 2017), menos 102 feridos graves (-4,2%) e menos 464 feridos ligeiros (-1,1%).
Os dados do RASI de 2018 indicam, por outro lado, que se verificou uma diminuição de 4,3% no número de reclusos, ao mesmo tempo que aumentaram em 4,3% os detidos preventivos e baixou em 5,9% os condenados.
No ano passado, as forças e serviços de segurança (GNR, PSP, SEF, Polícia Judiciária e Polícia Militar) registaram um aumento geral do seu efetivo de 0,4%.
Fonte: TSF/Lusa
Foto: Leonel de Castro/Global Imagens