Ministra da Justiça tentou acordo com juízes “no limite das capacidades do Governo”
Francisca Van Dunem convocou sindicato ao final da tarde, na véspera do primeiro dia de paralisações.
Não saiu fumo branco da reunião de última hora entre a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen, e o presidente da Associação Nacional dos Juízes Portugueses, Manuel Ramos Soares. Depois de um encontro no Ministério da Justiça, entre o final da tarde e a hora de jantar desta segunda-feira, os magistrados mantiveram para esta terça-feira o primeiro dos 21 dias de greve que têm agendados até Outubro do ano que vem.
“O Ministério da Justiça tentou, no limite das capacidades do Governo, encontrar uma solução que, indo ao encontro das pretensões dos senhores juízes, fosse compatível com os equilíbrios que é necessário manter do ponto de vista dos vários grupos profissionais, até tendo em conta a sustentabilidade financeira das soluções”, explicou Francisca Van Dunem ao PÚBLICO. A governante continua esperançada em conseguir chegar a um acordo. “Até ao momento não chegámos ainda a um entendimento definitivo, o que deixa algum espaço para se conversar.”
Manuel Ramos Soares explicou que a governante pediu ao sindicato mais tempo para chegarem a um entendimento que permitisse cancelar o protesto. Mas a associação sindical exigiu-lhe um compromisso escrito. Em causa estão sobretudo, mas não só, reivindicações relacionadas com salários e carreiras.
Na véspera de terem sido marcados os 21 dias de greves, no início deste mês, o Ministério da Justiça abriu pela primeira vez a porta a negociações sobre o estatuto remuneratório dos juízes, que passavam por abolir a impossibilidade de os magistrados no topo da carreira ganharem mais do que o primeiro-ministro. A reunião de última hora com a ministra teve lugar ao final da tarde, num dia em que o sindicato promoveu plenários de juízes em vários pontos do país. “Não é que não confiemos na ministra, mas há mais de um ano desconvocámos uma greve com base num compromisso verbal [de deputados do PS] que não foi cumprido”, assinala Manuel Ramos Soares.
Fonte: Público