Ministério Público abre inquérito para determinar causas do acidente na Sertã

Na sequência deste despiste no IC8, a autarca de Ródão alerta para risco no IP2, onde o piso já cedeu e os camiões ficam presos em vias estreitas.

O Ministério Público da Sertã abriu um inquérito para determinar as causas do acidente de domingo com um autocarro de turismo, que causou a morte a 11 pessoas, informou nesta segunda-feira fonte da Procuradoria-Geral da República.

“Na sequência da participação elaborada pela GNR, reportada ao acidente ocorrido ontem [domingo], foi registado inquérito nos serviços do Ministério Público da comarca da Sertã, em cujo âmbito se apurarão as causas do acidente”, lê-se numa resposta enviada à Lusa.

Também a Estradas de Portugal tem em curso um inquérito, a cargo de uma comissão interna, para averiguar as causas do acidente. Para já "não há conclusões a divulgar", disse a empresa à Lusa.

Um autocarro com matrícula espanhola despistou-se, ao início da manhã de domingo, no IC8, no nó do Carvalhal, concelho da Sertã, e provocou 11 mortos e um número elevado de feridos, alguns dos quais em estado grave.

A viatura, que transportava um grupo de 44 pessoas, quatro das quais crianças, partira de Portalegre em direcção a São Paio de Oleiros (Santa Maria da Feira), para uma visita a uma exposição denominada “O maior presépio do mundo”.

Dez das 11 vítimas mortais do acidente eram residentes no concelho de Portalegre, tendo a câmara municipal decretado dois dias de luto. A outra vítima mortal era do concelho de Monforte.

Em declarações à Lusa, os presidentes das câmaras da Sertã e Proença-a-Nova defenderam nesta segunda-feira a rápida conclusão das obras de requalificação ao longo do IC8. O acidente aconteceu depois de uma zona de obras que provocaram uma irregularidade no asfalto, entre Sertã e Pedrógão Grande, trabalhos para os quais José Farinha Nunes, autarca da Sertã, diz já ter pedido “conclusão urgente”.

IP2 com problemas
Na sequência deste acidente no IC8, a presidente da Câmara de Ródão, Maria do Carmo Sequeira, alertou nesta segunda-feira para a falta de obras no vizinho IP2, onde o piso já cedeu e camiões ficam presos em vias estreitas.

“Que fique claro que a câmara já alertou para este problema há muito tempo, mas nunca ninguém quis saber”, lamentou Maria do Carmo Sequeira à Lusa, receando pela segurança de quem por ali viaja.

Em causa está o aumento de tráfego no IP2, entre Fratel e Castelo Branco, no concelho de Vila Velha de Ródão, como alternativa à autoestrada da Beira Interior (A23) desde que passaram a ser cobradas portagens. O IP2, porém, não foi requalificado e apresenta buracos e irregularidades no piso, no qual estão identificadas duas zonas de maior risco.

Na Serra do Perdigão, a terceira faixa de rodagem da estrada, destinada a pesados que sobem a encosta no sentido Sul-Norte, está fechada e por reparar depois de um aluimento de terras ocorrido há mais de três anos. No Fratel, há uma placa de estrada sem saída no IP2, porque foi sobreposto pela autoestrada, e todo o trânsito é obrigado a circular nalguns metros de estradas da freguesia até chegar à A23.

“Já houve pesados encravados no local e há uma pequena ponte onde chegam a passar quatro camiões ao mesmo tempo”, refere Maria do Carmo Sequeira, temendo pela resistência da estrutura.

Até hoje, a autarca não recebeu respostas “de ninguém”, a não ser do representante distrital da empresa Estradas de Portugal, mas que “está na dependência da estrutura nacional”. A Lusa contactou a Estradas de Portugal, mas não obteve ainda qualquer resposta.


Fonte: Jornal O Público