ANIECA defende exames de condução “sem examinador” para maior isenção
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Polícia Judiciária deteve quatro examinadores por suspeita de corrupção, por alegadamente facilitarem exames em troco de quantias que poderiam variar entre 200 e 1500 euros.
A Associação Nacional de Industriais de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA) defende que os exames de condução devem ser feitos “sem examinador” e “em ambiente fechado”, para garantir uma avaliação “criteriosa, isenta, exigente e tecnicamente irrepreensível”.
No site oficial da associação, o presidente garante que a ANIECA já apresentou aquela proposta de alteração à forma como actualmente decorrem os exames de condução. Segundo Fernando Santos, aquela prova deverá decorrer “sem examinador, em ambiente fechado”, mas sem a obrigatoriedade do recurso a parque de manobras.
O candidato a condutor faria um determinado percurso sozinho, sem a interferência de um examinador e de um instrutor, mostrando assim os seus conhecimentos de condução e das normas de circulação rodoviária.
O objectivo é acabar com situações de eventual corrupção na realização dos exames, como a que levou à detenção, na sexta feira, de quatro examinadores do centro privado de exames de Vila Verde, propriedade da ANIECA.
Na sequência de uma investigação que decorre há dois anos, a Polícia Judiciária (PJ) de Braga deteve quatro examinadores por suspeita de corrupção, por alegadamente facilitarem os exames em troco de quantias que poderiam variar entre os 200 e os 1500 euros, mas que em alguns casos poderiam ascender a 3 mil.
Buscas às casas daqueles examinadores levaram à apreensão de cerca de 200 mil euros. Os detidos foram presentes a tribunal, tendo-lhes sido aplicada a medida de coacção de apresentações semanais no posto policial da sua área de residência. A PJ constituiu mais dois arguidos, mas a investigação ainda vai continuar.
Os examinadores não ficaram proibidos pelo tribunal de continuarem a exercer a sua profissão, mas, segundo a SIC, a ANIECA decidiu-se pela sua suspensão até final do processo judicial.
Em causa poderão estar cerca de 600 cartas de condução. Os alunos em causa poderão igualmente ser acusados de corrupção e, até, a repetirem os respectivos exames.
Recorde-se que o Governo investiu 15 milhões de euros em 18 parques de manobras, o primeiro dos quais foi inaugurado em 2000, em Viana do Castelo, pelo então ministro da Administração Interna, Fernando Gomes, mas essas estruturas nunca chegaram a ser usadas para exames de condução.
Na altura, Fernando Gomes salientou a importância que aquelas estruturas teriam para combater a “enorme sinistralidade” automóvel em Portugal e para conferir “maior transparência e rigor” na apreciação das provas prestadas pelos alunos.
Fonte: Jornal o Público