Justiça dos EUA revelou o maior delito de informação privilegiada da história do país
A procuradoria federal de Manhattan acusou hoje uma filial do fundo de investimento 'SAC Capital' de estar na origem do maior delito de iniciados [lucrar com informação a que se teve acesso privilegiado] nos EUA, noticia a AFP.
Segundo a acusação, o delito permitiu ganhos ilícitos de 276 milhões de dólares (215 milhões de euros) e em causa está o acesso privilegiado a informações sobre um medicamento contra a doença de Alzheimer.
“As acusações reveladas descrevem desgovernos do princípio ao fim” praticadas em torno das ações de dois laboratórios farmacêuticos, Elan et Wyeth, “de uma amplitude que não tem precedente histórico”, afirmou o procurador federal de Manhattan, Preet Bharara, em comunicado.
O fundo 'CR Intrinsic Investors', filial do 'SAC Capital Advisors', um conselheiro financeiro deste fundo, Mathew Martoma, de 38 anos, um outro conselheiro não identificado, bem como um professor de Neurologia, Sidney Gilman, de 80 anos, estão acusados pela comissão reguladora do mercado de capitais (SEC, na sigla em Inglês) e pelo Governo dos EUA.
Na queixa adianta-se que as operações bolsistas realizadas depois de acesso privilegiado a informações confidenciais “negativas sobre os ensaios clínicos de um tratamento contra a doença de Alzheimer” antes da sua difusão oficial, em 29 de Julho de 2008, permitiram gerar ganhos ilícitos ou evitar perdas bolsistas quantificadas em 276 milhões de dólares (215 milhões de euros).
Este medicamento contra a doença de Alzheimer, perturbação neurológica muito generalizada, foi concebido conjuntamente pelos laboratórios Elan e Wyeth (grupo Pfizer) e apresentava um potencial financeiro enorme. Gilman estava encarregado da supervisão dos ensaios clínicos.
Segundo o Wall Street Journal, que cita fontes próximas do dossier, o conselheiro financeiro não identificado visado pela acusação é o próprio fundador do fundo 'SAC Capital', Steven Cohen, uma estrela de Wall Street e um ávido coleccionador de arte contemporânea.
Os montantes envolvidos colocam este delito claramente acima do caso Galleon, que era até agora o maior caso de delito de iniciados alguma vez descoberto nos Estados Unidos.
O fundador do fundo Galleon, Raj Rajaratnam, de 54 anos, foi condenado em 2011 a uma pena recorde de 11 anos de prisão, por ter criado uma rede de informadores que lhe tinham permitido um ganho de 72 milhões de euros dólares de lucros ilícitos na bolsa.
O gabinete do procurador de Nova Iorque indicou na terça-feira que os seus serviços tinham chegado a um acordo com Gilman, que fez uma confissão completa e vai restituir 186.781 dólares, correspondentes aos “ganhos realizados durante as consultas” ligadas ao medicamento contra a doença de Alzheimer, o Bapineuzumab, que qual dirigia os ensaios clínicos.
Gilman não será perseguido.
Martoma e Gilman encontraram-se durante reuniões entre 2006 e 2008, que tinham sido organizadas por uma firma de analistas, oportunidade em que Gilman comunicou informações confidenciais a Martoma.
Estas informações permitiram a Martoma e ao investidor desconhecido a venda de posições na Wyeth e Élan, no montante de 700 milhões de dólares, antes da divulgação das más notícias sobre os ensaios clínicos, que fizeram cair as acções dos dois grupos.
Fonte: Sol