Carlos Costa quer união bancária europeia criada rapidamente

Regulador acredita que esforços conjuntos são mais eficazes

O Governador do Banco de Portugal considera "fundamental que a união bancária europeia avance, porque é decisiva para assegurar que as relações entre política orçamental e estabilidade financeira não são perturbadas, porque são totalmente independentes". Carlos Costa falou na sexta-feira durante um encontro sobre o papel da regulação e supervisão na Estabilidade e Confiança nos Mercados Financeiros Europeus.

Na ocasião, o responsável referiu ainda que é "essencial" assegurar que o fundo de garantia de depósitos da União Europeia, o fundo de resolução de conflitos e o mecanismo europeu de supervisão bancária sejam "instalados tão rapidamente quanto possível".

O governador do BdP concentrou-se em realçar as vantagens de uma união bancária europeia, que, segundo Carlos Costa, assentam sobretudo no "divórcio entre os sistemas bancários nacionais e os seus soberanos". Algo que, para Portugal, seria particularmente importante. "É o divórcio mais virtuoso que conheço, liberta as duas partes, favorece a economia, é o melhor promotor de crescimento que podemos ter nesta fase", explicou.

A actual crise financeira mundial deixou claro que o comportamento soberano afecta o comportamento do sistema financeiro. Para o responsável, esse facto "não é bom, não é aceitável nem desejável, porque fragmenta a União Económica Monetária. Ao fragmentar a UEM significa que as condições de acesso ao crédito das empresas na UE estão a ser muito influenciadas por factores que não têm a ver com o risco da empresa, mas têm a ver com o risco do país, no limite com o chamado risco de denominação. Não é normal numa união monetária". E por duas vezes utilizou o exemplo da Califórnia para justificar a sua posição:o estado da Califórnia entrou em insolvência e não há memória de que alguma empresa de Sillicon Valley tenha tido problemas de não ter crédito por esse facto, porque há um desligamento completo" entre as políticas de finanças públicas ou orçamentais e a estabilidade financeira. "Nós, na UE, ficámos com um cordão umbilical que permanece de forma espúria e que prejudica o financiamento da economia e a autonomia do sistema bancário relativamente ao soberano", sublinhou.

Fonte: Diário Económico