Há cada vez menos inspetores da Polícia Judiciária
Segundo a associação do setor, em três anos, os investigadores caíram de 2500 para 1200
A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária( ASFIC/PJ) chamou a atenção para a diminuição de 2.500 para 1.200 dos investigadores criminais da Polícia Judiciária, sem que se tenham colmatado as vagas com novos efetivos.
O presidente da ASFIC/PJ, Carlos Garcia, sublinhou que «não tem entrado ninguém» na polícia de investigação, nos «últimos três anos», e sustentou que a diminuição de efetivos poderá ter consequências «na atividade da PJ».
«A PJ tinha cerca de 2.500 efetivos na investigação criminal e tem agora 1.200. Já alertámos para a enorme falta de meios humanos na PJ, sobretudo de investigadores, mas tem existido desde 2010 (ainda no anterior Governo), a impossibilidade de novas contratações», referiu Carlos Garcia à agência Lusa.
A ASFIC/PJ vai definir «um plano de luta» com os associados, admitindo a paralisação ao trabalho extraordinário e a possibilidade de adesão à greve de 14 de novembro, para protestar contra estes problemas e os salariais também.
O responsável da ASFIC/PJ observou que a situação pode agravar-se, dado que, nos próximos três anos, 42 por cento dos atuais inspetores-chefes e 50 por cento dos atuais coordenadores e coordenadores superiores atingirão a reforma, e terão de ser substituídos.
«Não é por falta de aviso da ASFIC/PJ que a situação poderá inverter-se», notou, referindo que a insuficiência de efetivos na investigação criminal era uma das preocupações que seriam transmitidas na reunião de terça-feira, com a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.
O encontro, marcado para a passada sexta-feira, voltou a ser adiado sine die, porque, acentuou Carlos Garcia, «a ministra não tem nada para nos dar», criticando a tutela por «dar uma atenção surpreendentemente especial à segurança pública», cita a Lusa.
«Dramático e sintomático do tratamento dado à PJ é, também, sabermos que, mesmo com a entrada de 80 inspetores estagiários (que já não vão ser 80), vamos chegar a finais de 2014 com o mesmo efetivo de 1996».
Considerando que se vive «na PJ um processo de morte lenta», Carlos Garcia estranhou que o início do curso de admissão de investigadores estagiários «está a demorar tanto tempo a desbloquear», quando o concurso foi aberto em 2010, para 100 vagas, tendo apenas sido aprovados 80 candidatos.
«Quando o curso começar, já não vão apresentar-se os 80 candidatos aprovados, mas muito menos, pois muitos deles, após um ano de sucessivos adiamentos e expectativas defraudadas, já resolveram a sua vida emigrando ou assegurando outros empregos», afirmou.
Fonte: TVI 24