GIPS só vão para o terreno quando o equipamento chegar... mas a data é uma incógnita
Meio milhar de guardas completaram curso teórico e farão agora estágio de quatro semanas nos centros de meios aéreos. António Costa confirma alargamento dos GIPS a todo o território.
Depois de seis semanas de formação teórica na Figueira da Foz, os novos 390 elementos do Grupo de Intervenção, de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR terão que fazer agora um estágio de quatro semanas nas mais de três dezenas de centros de meios aéreos espalhados pelo país. Mas parte desta formação prática, em que os novos elementos já deveriam praticar com o equipamento, vai ter de ser feita com o escasso equipamento de protecção que existe e que pertence aos actuais 400 elementos. Porque o novo ainda não chegou nem se sabe quando isso acontecerá.
Para além dos novos 390 elementos do GIPS que se voluntariaram das fileiras da GNR, o curso conta também com cerca de meia centena de elementos que já integravam o grupo mas que deixaram de estar no activo durante algum tempo e que voltaram para fazer uma reciclagem da formação. O GIPS passará assim de 594 elementos para 1029, salientou esta terça-feira o primeiro-ministro - uma duplicação em menos de um ano de uma força que existe há 12 anos. Em Portalegre estão em formação cerca de 600 novos elementos para a GNR para colmatar o "desvio" das outras cinco centenas para o GIPS.
No discurso que fez esta terça-feira perante os novos elementos do GIPS, no quartel da Unidade de Intervenção da GNR, na Pontinha, assinalando o fim da formação teórica e também os nove anos do Corpo de Intervenção, António Costa não se comprometeu com datas - nem o fez quando o PÚBLICO o questionou no final. Mas aos elementos do GIPS garantiu que nenhum irá para o terreno sem protecção individual. "Para proteger é preciso estar protegido e, por isso, ninguém pode ser empenhado em qualquer missão sem que esteja antecipadamente dotado dos meios necessários para poder desempenhar cabalmente a sua missão."
Depois de o PÚBLICO ter noticiado na passada semana que os GIPS ainda não tinham equipamento individual como luvas, fatos, telemóveis ou viaturas para intervir, António Costa procurou explicar a demora e prometeu que o Governo está a fazer tudo para que o equipamento chegue a tempo e horas.
"Pese embora os processos aquisitivos dos equipamentos e meios necessários estejam nalguns casos, e mercê da sua especificidade, atrasados, o Governo continua a envidar todos os esforços para que a sua materialização possa ocorrer a curto prazo. O que significará a sua atempada disponibilização e consequente operação, sem que daí resultem quebras para a segurança individual ou colectiva, ou limitações à capacidade de intervenção operacional", prometeu o primeiro-ministro.
O governante especificou que foi determinada a aquisição de fardamento e equipamento individual de protecção no valor de cerca de 290 mil euros, assim como de viaturas e equipamento de combate ao fogo no valor de 5 milhões de euros, assim como a recuperação de imóveis para alojamento e operação. Aos jornalistas especificou que o empenho dos novos elementos do GIPS no combate efectivo no terreno "será progressivo" consoante for chegando o seu equipamento de protecção individual. "Todo o equipamento está a ser adquirido", vincou, lembrando que "a contratação pública tem uma carga burocrática muito elevada e vicissitudes".
Tal como está previsto no novo Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, o Governo alargou a presença do GIPS dos actuais 11 para todos os distritos do continente e para a Madeira, o que significa que estarão presentes em 38 centros de meios aéreos em vez dos actuais 22.
Treinados para acções de prevenção e para o ataque inicial - como António Costa pôde constatar num simulacro realizado no campo de jogos do quartel -, os elementos do GIPS vão passar a actuar também nas operações de ataque ampliado, nomeadamente os que forem colocados nas estruturas de Aveiro, Loulé, Mirandela e Viseu.
António Costa enalteceu a disponibilidade e empenho da GNR assim como dos bombeiros e das Forças Armadas no esforço de prevenção e combate aos incêndios e desejou que este ano Portugal tenha uma "floresta mais protegida e as populações e bens em maior segurança", apesar de admitir que o país apresenta um "cenário de risco acrescido" devido às alterações climáticas, à "degradação da nossa floresta e ao despovoamento de grandes faixas do território".
Fonte: Público