Investigação jornalística revela mapa internacional da fuga aos impostos

O relatório "Offshore Leaks" revela o mapa dos paraísos fiscais que os milionários utilizam para fugir aos impostos

O International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) revelou ter conseguido aceder a 2,5 milhões de ficheiros que identificam mais de 120 mil empresas e fundos offshore, que envolvem vários políticos, milionários e homens de negócios de todo o mundo.
"O tamanho total dos ficheiros, em gigabytes, é 160 vezes maior do que os da fuga de informação dos documentos dos Departamentos de Estados dos EUA a que a WikiLeaks teve acesso em 2010", pode ler-se no site da organização.

Segundo o ICIJ, nesta investigação participaram 86 jornalistas de 46 países que ao longo de largos meses recolherem e cruzaram dados de emails e de outros ficheiros relativos às últimas três décadas, sobre transferências de dinheiro, datas de incorporações e ligações entre empresas e indivíduos.

Na investigação estiveram envolvidos vários órgãos de comunicação social, como o "The Guardian", a BBC, o "Le Monde", o "Süddeutsche Zeitung", o "Norddeutscher Rundfunk", o "The Washington Post" e o "CBC", entre outros 31 parceiros de media a nível mundial.

O paraíso fiscal do Chipre

"O grande fluxo de dinheiro em paraísos fiscais - legal e ilegal, pessoal ou de empresas - pode ruir as economias e colocar umas nações contra as outras", pode ler-se ainda no site da ICIJ, que aponta o caso do Chipre, que sempre funcionou como um paraíso fiscal e hoje atravessa uma crise financeira.

A organização refere ainda que este sistema de fuga aos impostos veicula a corrupção e o crime, afetando tanto os países pobres como os mais ricos.

"O sistema secreto de offshores dissemininou-se por todo o mundo, permitindo aos mais ricos e aos melhor relacionados fugir a impostos e estimular a corrupção, protegendo criminosos e corruptos em países ricos e pobres sem descriminação", acrescenta.

A lista que consta desta investigação inclui médicos norte-americanos, cidadãos gregos de classe média, corretores de Wall Street, bilionários indonésios e da Europa Central, gestores russos de empresas de topo e negociantes de armas.

O jornal "The Guardian" aponta alguns nomes que constam da lista como: Jean-Jacques Augier, tesoureiro do Governo francês; Bayartsogt Sangajav, ex-ministro das Finanças da Mongólia; Ilham Aliyev, presidente do Azerbeijão, Maria Imelda Marcos Manoto, filha do ditador das Filipinas ou Carmen Thyssen-Bornemisza, a maior colecionadora de arte em Espanha.

Fonte: Expresso