FMI revê em baixa projeções de crescimento para a economia portuguesa
O Fundo Monetário Internacional alerta que "ainda é cedo" para a economia global "descansar".
O Fundo Monetário Internacional (FMI) colocou o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal a crescer 2,3% em 2023, enquanto as projeções de junho apontavam para um crescimento de 2,6%. Quanto à economia global, "ainda é cedo para descansar".
No relatório sobre as "Perspetivas Económicas Mundiais", que foi apresentado esta terça-feira no encontro anual do FMI, Portugal vê recuar 0,3 pontos percentuais o seu desempenho económico em 2023, mas também em 2024 porque a previsão atualizada dá um crescimento de 1,5%, enquanto em junho a previsão era de 1,8%.
Quanto à inflação, o FMI melhora aquilo que estima para 2023, mas piora a taxa do próximo ano. Assim, o final do ano pode assistir a uma taxa de 5,3% em vez dos 5,6% previstos em junho e, em 2024, a taxa poderá ser de 3,4% em lugar dos 3,1% equacionados em junho.
Na análise ao mercado de trabalho, o FMI mantém as previsões de junho. A taxa de desemprego deverá situar-se nos 6,6%, em 2023, e 6,5%, em 2024.
Estes dados relativos a Portugal constam de um relatório que "navega pelas divergências globais".
Para o FMI, "a recuperação global da pandemia da Covid-19 e da invasão da Ucrânia pela Rússia continua lenta e desigual".
A instituição liderada por Kristalina Georgieva sublinha que "apesar da resiliência económica no início deste ano, com uma recuperação e progressos na redução da inflação depois dos picos do ano passado, é muito cedo ainda para descansar".
A atividade económica global "ainda está aquém da trajetória pré-pandémica, especialmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, e há divergências cada vez maiores entre as regiões".
Prevê-se que o crescimento global desacelere de 3,5%, em 2022, para 3,0%, em 2023, e 2,9%, em 2024.
Para as economias avançadas, "o abrandamento esperado é de 2,6% em 2022 para 1,5% em 2023 e 1,4% em 2024, num contexto de dinâmica mais forte do que o esperado nos EUA, mas de crescimento mais fraco do que o esperado na área do euro".
Prevê-se que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento registem "um declínio modesto do crescimento", de 4,1%, em 2022, para 4,0%, em 2023 e 2024, com uma revisão em baixa de 0,1 pontos percentuais em 2024, "refletindo a crise do setor imobiliário na China".
Assim, "A crise do setor imobiliário da China poderá aprofundar-se, com repercussões globais, especialmente para os exportadores de matérias-primas", alerta o FMI.
As previsões para o crescimento global a médio prazo, de 3,1%, são as mais baixas das últimas décadas, e "as perspetivas de os países alcançarem padrões de vida mais elevados são fracas".
Embora "os riscos para as perspetivas estão mais equilibrados do que há seis meses, devido à resolução das tensões relativas ao limite máximo da dívida dos EUA e ao facto de as autoridades suíças e norte-americanas terem agido de forma decisiva para conter a turbulência financeira".
Fonte: TSF
Foto: Mufid Majnun/Unsplash