Instituto de Apoio à Criança acompanhou 45 crianças em contexto de rua em 2024

Dos 45 casos em contexto de rua, 34 tinham fugido de casa ou de instituição. Há 11 situações relativas a casos de mendicidade, irmãos de jovens que fugiram ou crianças a viver com os pais em rulotes.
O Instituto de Apoio à Criança (IAC) acompanhou 45 crianças e jovens em contexto de rua em 2024, menos 23 do que no ano anterior, segundo os dados do relatório de atividades da instituição.
Em 2024, através do Projeto Rua, o IAC acompanhou de forma sistemática 19 jovens com idades até aos 21 anos, entre nove rapazes e 10 raparigas. Outros 26 foram acompanhados de forma pontual. Em 2023 foram acompanhadas sistematicamente 28 crianças e 40 de forma pontual.
Entre as 45 crianças e jovens acompanhados, a maioria (59,5%) tinha entre 6 e 10 anos, seguindo-se os jovens com idades entre os 16 e os 21 (27,5%). Há ainda registo de 12,6% de casos com crianças entre os 11 e os 15 anos e 0,5% dos casos estão relacionados com crianças entre os zero e os 5 anos.
Mais de metade (54%) eram raparigas, e a maioria dos jovens vêm de famílias monoparentais femininas ou reconstituída, ou seja, uma nova união conjugal com filhos.
As cinco principais problemáticas são o absentismo e abandono escolar, viverem em comunidades sensíveis/adversas, terem estado expostos a modelos de comportamentos desviantes, perturbações do foro psicológico e contacto com situações de violência doméstica.
Os 45 casos detetados em contexto de rua foram acompanhados com recurso a uma unidade móvel lúdico-pedagógica, que intervém em situações de emergência.
Daqueles 45 jovens, 34 tinham fugido de casa ou de uma instituição, sendo que destes, 13 já haviam sido sinalizados, enquanto os restantes 21 são novas sinalizações reportadas por outros organismos. Destes 21 jovens, o IAC conseguiu encontrar 19.
Há ainda registo de 11 situações que dizem respeito a casos de mendicidade, irmãos de jovens que fugiram ou crianças a viver com os pais em rulotes, na rua.
Os principais motivos de fuga estão relacionados com a recusa da medida de acolhimento, a necessidade de aventura e risco e namoros.
Foi assegurado o acompanhamento psicossocial individualizado aos jovens identificados em contexto de rua, bem como às suas famílias.
O Projeto Rua tem três níveis de intervenção, com o Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, que faz intervenção em contexto de rua, e o Centro de Educação e Formação, que atua na áreas de educação e formação, estes dois a trabalharem mais na recuperação de jovens.
O terceiro nível de intervenção, que tem como objetivo prevenir possíveis fugas ou outros comportamentos desviantes, está com o centro de Apoio Comunitário, que intervém em contexto familiar.
No âmbito dos três níveis de intervenção, em 2024 o IAC acompanhou diretamente 953 crianças e jovens, mais 305 beneficiários do que no ano passado, em que eram 648 crianças, segundo o relatório.
Na ajuda com situações de crianças desaparecidas, seja para denúncia ou apoio psicológico de crianças, jovens e respetivas famílias, durante ou após o desaparecimento, o IAC tem uma linha telefónica (SOS Criança Desaparecida 116 000), que recebeu 60 apelos em 2024.
Através desta linha foram referenciados 43 jovens, sendo que 63% dos apelos envolviam raparigas, 33% eram de rapazes e 4% dos apelos não identificaram o género das crianças.
A amostra de jovens dos 15 aos 17 anos constituía a maioria dos apelos, representando 46% dos contactos.
As situações com maior expressão referiam-se a fugas de casa, correspondendo a 35% das ocorrências, a seguir estão as fugas de instituições (17%) e os raptos parentais (13%).
O IAC encaminhou 30 casos de crianças para outras entidades, como a PSP, a PJ ou a Missing Children Europe e os meios de contacto mais utilizados são a chamada telefónica, que representa 48% dos contactos e 45% dos apelos são feitos por correio eletrónico.
Em 12 de abril assinala-se o Dia Internacional da Criança de Rua, uma data comemorada pela primeira vez em 2011, pelo Consórcio para as Crianças da Rua (CSC), uma rede internacional que junta mais de 200 organizações, investigadores e profissionais em 111 países.
Fonte: Diário de Notícias
Foto: Nuno Pinto Fernandes / Global Imagens (Arquivo)