MAI muda comandos das duas maiores forças de segurança

Para a GNR, sem surpresas, o comandante-geral será Rui Ribeiro Veloso, que marca o fim do Exército nesta polícia. Na PSP, o carismático Magina da Silva será substituído por José Barros Correia.

O ministério da Administração Interna anunciou neste domingo quem vai liderar as duas grandes forças de segurança do país nos próximos três anos.

A maior novidade é na PSP, de onde sai o carismático Magina da Silva e entra o superintendente chefe José Barros Correia, atual diretor dos Serviços Sociais desta polícia.

Na GNR, como o DN já tinha antecipado, será Rui Ribeiro Veloso o novo comandante-geral, o primeiro General da carreira da Guarda a chegar ao topo e a marcar o fim de uma era do Exército na liderança de uma força de segurança - o único caso na União Europeia.

Barros Correia será um novo pouco conhecido para a generalidade das pessoas. Esteve sempre longe dos holofotes, mas conhece como ninguém as capacidades da PSP e os problemas que os seus profissionais enfrentam.

Desde 2018 como diretor dos Serviços Sociais da PSP, José Barros Correia, 58 anos, aproximou-se dos homens e mulheres desta força de segurança e sabe bem as dificuldades por que passam.

O novo diretor nacional da PSP, José Barros Correia, é a outra face da moeda desta força de segurança que foi liderada nos últimos 4 anos por Magina da Silva, o campeão de tiro que queria blindados para patrulhar os bairros sensíveis.

Conforme o DN tinha noticiado em Junho, depois de um mandato turbulento, Magina da Silva segue para Paris, onde será oficial de ligação do ministério da Administração Interna, em substituição do também ex-diretor Luís Peça Farinha, que deverá regressar a Lisboa para dirigir o Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna.

Mudança de paradigma
De Barros Correia, o homem que preparou o primeiro programa de policiamento de proximidade em 2005, espera-se que traga um novo paradigma, coesão, recursos e rejuvenesça os comandos da PSP.

Será o rosto de uma mudança de paradigma que se pretende, não só para a PSP, mas para todas as forças e serviços de segurança, com polícias a trabalhar cada vez mais em conjunto, reforçando a cooperação e eliminando duplicações.

É respeitado no meio sindical e sempre defendeu o diálogo com estas estruturas. Foi um dos fundadores da associação dos oficiais do Curso de Formação de Oficiais de Polícia, que deu origem ao Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia, tendo sido seu presidente.

Filho único, nasceu em Moçambique de onde veio a seguir ao 25 de abril. No regresso viveu em Favaios, terra natal dos pais, mas depois mudaram-se para Lisboa.

O pai foi funcionário da Polícia Judiciária, em departamentos administrativos, a mãe também era funcionária pública.

Licenciado em Ciências Policiais, Barros Correia tem também uma pós-graduação em Relações Internacionais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Na PSP, teve funções operacionais puras e duras em brigadas, mas também no comando de grandes divisões de Lisboa e no próprio COMETLIS, onde chefiou a área de Operações e Segurança.

Entre 2008 e 2014 foi Comandante Regional dos Açores, de onde seguiu para oficial de ligação em S. Tomé e Príncipe.

Em 2018 foi nomeado para as funções que ocupava até agora, como presidente dos Serviços Sociais da PSP.

Um marco histórico na GNR
Ribeiro Veloso, que tinha sido promovido a tenente-general há uma semana, juntamente com Paulo Silvério que será o segundo comandante-geral, será o o primeiro oficial da GNR a ser comandante-geral.

"Tanto eu como os meus camaradas trabalhámos para aqui chegar. Estamos muito orgulhosos porque sabemos que fomos escolhidos pelo mérito."

Foi assim que Veloso comentou a sua escolha, juntamente com a de Paulo Silvério e António Bogas, para serem os primeiros oficiais da GNR a atingirem o patamar de generais.

Nessa conversa com o DN, em 2019, sabiam que esse era o primeiro passo para chegarem onde mais nenhum outro oficial da GNR tinha chegado: ser comandante-geral. Veloso fez esse caminho e atingiu esse patamar.

A carreira militar começou no curso de oficiais milicianos no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego, o que lhe propiciou o cognome por que ficou conhecido na Academia Militar - o "oficial Ranger".

Integrou o primeiro curso de oficiais para a GNR e foi dos primeiros classificados na licenciatura em Ciências Militares. Ainda se formou em Direito e é doutorando em Direito e Segurança pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Desde que saiu da Academia, em 1996, fez mais de duas dezenas de cursos e teve um percurso mais ligado à formação e docência.

Foi formador nas escolas de Polícia de Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, professor na Academia Militar, na Escola da Guarda e no Instituto Universitário Militar.

Comandou os destacamentos de trânsito de Carcavelos, Albufeira, Torres Vedras e de Lisboa. Foi oficial de segurança da seleção portuguesa no Euro 2004 e fez parte do núcleo duro que esteve, em 2006, na génese do Grupo de Intervenção Prevenção e Socorro (GIPS) da GNR, a força de intervenção de primeira linha nos incêndios.

Viria depois a ser o seu comandante máximo em 2018, já depois das tragédias dos fogos de 2017 e sentiu "um grande peso de responsabilidade".

Santos Correia, o atual comandante-geral, fechará a porta de vez ao Exército, quando entregar a chave do quartel-general do Carmo a Veloso e Silvério.

Santos Correia, que José Luís Carneiro tinha nomeado a prazo, em novembro do ano passado, sabendo que teria de sair do posto em setembro deste ano por atingir o limite de idade (62 anos), é já o único general do Exército na GNR.

Fonte: Diário de Notícias