Casos de bullying em contexto escolar aumentaram 37% no último ano letivo

A PSP esclarece que as injúrias e ameaças atingiram o valor mais elevado dos últimos nove anos letivos, depois de um período de pandemia, em que as situações de bullying sofreram um decréscimo. Adolescentes dos 12 aos 15 anos são os mais afetados, sobretudo rapazes

As situações de bullying em contexto escolar aumentaram 37% em 2021/22, tendo a PSP registado 2847 ocorrências criminais com as injúrias e ameaças a atingiram o valor mais elevado dos últimos nove anos letivos, revelam dados daquela polícia.

Por ocasião do Dia Mundial do Combate ao Bullying, que se assinala nesta quinta-feira, a Polícia de Segurança Pública avança que no último ano letivo registou 2847 ocorrências criminais de situações de ‘bullying’ em contexto escolar, 1169 das quais por agressões e 752 por injúrias e ameaças.

Em relação ao ano letivo 2020/2021, marcado pela pandemia, as situações de ‘bullying’ em contexto escolar aumentaram 37%, mais 783 casos, tendo também subido as agressões (mais 418) e as injúrias e ameaças (208).

Desde 2013/2014 que foi no último ano letivo que se registaram mais queixas por injúrias e agressões, depois de 2018/2019 (721) e 2015/2016 (665).

A PSP explica que há um aumento do número total de ocorrências depois do período de atividades não presenciais causado pela covid-19, no entanto registou-se “um decréscimo no número de ocorrências registadas em contexto escolar relativamente ao ano letivo de 2018/2019, último antes da pandemia”.

No ano letivo 2018/2019, a PSP registou 3079 ocorrências criminais em contexto escolar, 1151 das quais por agressões e 721 por injúrias e agressões.

“Acreditamos que a forte aposta concretizada nas ações de informação e sensibilização e contactos individuais, a qual que se irá manter no presente ano letivo, contribuirá juntamente com outras condições para contrariar esta inversão da tendência de decréscimo que se verificava de forma consistente desde o ano letivo 2013/2014”, refere a PSP.

Relativamente à caracterização das vítimas e suspeitos das agressões referenciados no contexto dos 2847 crimes reportados pelos polícias no âmbito do Programa Escola Segura no ano letivo 2021/2022, a faixa etária com maior preponderância de vítimas é dos 12 aos 15 anos e são em maior número rapazes.

A PSP refere também que no último ano letivo realizou “uma forte aposta” na abordagem desta temática, com 6250 ações de sensibilização realizadas sobre bullying/ciberbullying, alcançando mais de 106.200 alunos.

Para assinalar o Dia Mundial do Combate ao Bullying, a PSP está realizar desde o dia 10 de outubro e até sexta-feira a operação “Bullying é para fracos” dirigida às escolas do primeiro ao terceiro ciclo e ensino secundário, abarcando crianças e jovens dos seis aos 18 anos de idade.

Segundo esta força de segurança, o Dia Mundial do Combate ao Bullying constitui-se como “um alerta internacional para o problema do ‘bullying’ com o qual muitos jovens convivem diariamente e que é suscetível de interferir, de forma negativa e com grande impacto também a longo prazo, no seu crescimento, físico, emocional e psicológico”.

A operação tem como objetivos “aumentar o conhecimento sobre este fenómeno, capacitando a deteção precoce”, “fazer crescer o sentimento de intolerância e de rejeição para com as práticas de bullying” e “incrementar a confiança nas capacidades da PSP e dos demais parceiros neste contexto para intervir e lidar eficazmente com o problema”.

Pretende ainda promover a atenção dos pais, educadores e outras testemunhas, aumentando a confiança na denúncia aos polícias da Escola Segura como forma de desencadear a resolução desta problemática.

No comunicado, a PSP emite ainda alguns conselhos sobre as situações de bullying, nomeadamente sinais que podem ser detetados em vítimas, como cortes, hematomas, dores de cabeça ou barriga, comportamentos de isolamento e desinteresse pelos amigos e escola.

Para as vítimas de bullying, a PSP aconselha para que não resolva o problema sozinho, não responda à violência com mais violência e denuncie a situação a pessoa de confiança, como amigo, família, escola ou polícia, além de evitar reagir com agressividade, pedir explicações aos agressores e culpabilizar os restantes alunos ou o pessoal docente.

Fonte: Expresso
Foto: Elva Etienne/Getty Images