Um antigo membro do Conselho Geral denuncia "promiscuidade" nas relações com o Estado
Durante ao VII Congresso da Ordem dos Advogados o advogado António Macedo Varela exortou hoje a sua ordem profissional a pôr termo a atos de corrupção em que se envolvam sociedades do setor nas relações com o Estado, no Congresso dos Advogados Portugueses.
"Não pode continuar esta promiscuidade. Esta intermediação de certos escritórios entre o poder político e o poder económico é uma das fontes de corrupção da nossa sociedade", acrescentou o antigo membro do Conselho Geral da Ordem dos Advogados em declarações à agência Lusa, reforçando a intervenção que levou ao Congresso dos Advogados Portugueses, a decorrer até domingo, na Figueira da Foz.
Exercendo a sua atividade profissional em Vila Nova de Famalicão e no Porto, António Macedo Varela observou que compete aos advogados pugnar pelo Estado de Direito.
"Essa prática [intermediação de certos escritórios entre o poder político e o poder económico] ofende o Estado de Direito, além de criar uma concorrência desleal para a maioria dos restantes advogados", frisou, acrescentando que o processo tende a estender-se dos grandes centros urbanos de decisão política para "a província".
Macedo Varela realça que "há certas sociedades de advogados, certos escritórios, que têm homens que não praticam a função de jurista, mas que praticam a influência política e são recrutados com essa finalidade".
Esses escritórios "já se organizam de forma a ter pontos de influência no poder político, para terem os proventos bastante alargados", não respeitando as regras estatutárias com que se regem, acrescenta António Macedo Varela.