Bastonário dos Advogados exorta magistrados a escolher entre reivincações e respeito dos cidadãos

O bastonário da Ordem dos Advogados exortou hoje os magistrados a escolher entre o respeito dos cidadãos e as reivindicações remuneratórias, realçando que "não podem ter ao mesmo tempo o melhor de dois mundos".

"É altura de se acabar com as reivindicações laborais dos magistrados, é altura de acabar com os sindicatos de titulares de órgãos de soberania", defendeu Marinho Pinto, no discurso de abertura do Congresso dos Advogados Portugueses, na Figueira da Foz.

Segundo o titular daquela ordem profissional, há juízes e procuradores dos tribunais de primeira instância que ganham mais do que um general das forças armadas em fim de carreira e, "quase todos", daquela instância, "ganham mais do que um professor catedrático em dedicação exclusiva" num estabelecimento do ensino superior.

"Os senhores juízes e os senhores procuradores poderão obter muitas vantagens materiais devido à atuação dos seus sindicatos, mas estão a perder o respeito da sociedade e isso conduzirá, mais cedo ou mais tarde, à sua deslegitimação como magistrados, senão mesmo dos próprios tribunais", declarou.

Para Marinho Pinto, "não se pode ter o respeito próprio de uma função soberana - que exige reserva e resguardo do debate público - quando se anda permanentemente na comunicação social a gritar reivindicações laborais irrealistas como um qualquer trabalhador por conta de outrem".

Na sua perspetiva, "não se pode ter credibilidade como titulares de um órgão de soberania quando tudo ou quase tudo nos tribunais está organizado mais em benefício dos interesses e comodidades de quem lá trabalha do que em função dos direitos e necessidades daqueles para quem os tribunais existem: os cidadãos".

Lusa