Todos os trabalhadores vão perder dinheiro para o ano

Descontos dos trabalhadores do privado para a Segurança Social sobem, funcionários públicos e reformados perdem dois subsídios e as contribuições das empresas descem, anunciou o primeiro-ministro.

Pedro Passos Coelho anunciou que os trabalhadores do sector privado vão passar a descontar 18% para a Segurança Social. Na prática, o aumento de sete pontos percentuais equivale uma perda superior a um salário líquido por ano.

Por exemplo, um contribuinte casado, dois titulares, com um filho e um salário bruto de 1.000 euros vai passar a descontar mais 70 euros por mês para a Segurança Social. Depois de todos os descontos (IRS incluído), fica com um salário líquido de 730 euros. No final do ano, perde 980 euros (pressupõe o pagamento de 14 meses) com o aumento de descontos para a Segurança Social, valor que é superior ao salário líquido de 730 euros.

Um outro caso: quem é solteiro, não tem filhos e recebe 700 euros brutos, vai passar a descontar mais 49 euros por mês. Depois de todos os descontos, fica com 536 euros líquidos. No final do ano, e com os aumentos para a segurança social, vai perder 686 euros - também superior a um salário líquido.

Nos vencimentos mais elevados, há situações em que as perdas podem ir até dois salários líquidos.

Em contrapartida ao aumento para os trabalhadores do privado, as contribuições das empresas - a taxa social única (TSU) - descem de 23,75% para 18%, anunciou o primeiro-ministro.

Funcionários públicos e pensionistas também são penalizados
Quanto aos funcionários públicos, na prática, vão perder o equivalente a dois subsídios. Um será perdido de uma só vez.

"A subida de sete pontos percentuais na contribuição dos trabalhadores será igualmente aplicável aos funcionários públicos e substitui o corte de um dos subsídios decidido há um ano", revelou Pedro Passos Coelho, na declaração que fez ao país esta sexta-feira.

Por outro lado, o Governo vai diluir o valor de um subsídio por 12 meses de salário. Aparentemente, os funcionários públicos vão ganhar mais, mas não é bem assim. Isto vai fazer com que muitos subam de escalão de IRS, o que implica mais descontos. Mas há mais: como o novo desconto de 18% para a segurança social passa a incidir sobre um valor mensal bruto maior, também vai haver mais perdas. Tudo somado, os funcionários públicos ficam sem o equivalente a um outro subsídio.

No caso dos pensionistas e reformados, "a suspensão dos dois subsídios permanecerá em vigor" até ao final do plano de assistência da "troika", anunciou Passos Coelho.

As medidas vão ser incluídas no Orçamento do Estado para o próximo ano e pretendem compensar o chumbo do Tribunal Constitucional aos cortes nos subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos e pensionistas.

Desemprego e grandes riquezas
O chefe de Governo considera que estas são as medidas adequadas para combater o desemprego. "O Orçamento para 2013 alargará o contributo para os encargos públicos com o nosso processo de ajustamento aos trabalhadores do sector privado, mas este alargamento tem directamente por objectivo combater o crescimento do desemprego."

O primeiro-ministro argumenta que o Orçamento do Estado para 2013 "não deixará ninguém de fora do esforço colectivo para o nosso ajustamento e traduzirá uma visão global de repartição dos sacrifícios".

O documento "incluirá medidas que afectam os rendimentos da riqueza e do capital e que tributam os lucros das grandes empresas, no seguimento do que foi feito já este ano”, afiançou o chefe do Governo, sem precisar o que vai fazer.

Fonte: Renascença