Fisco arrecada o dobro de receitas com impostos da banca
Os cinco maiores bancos nacionais pagaram 217 milhões em impostos no semestre, apesar da queda dos lucros
Não foi um semestre fácil para a banca, e não foi só em termos de resultados. É que os cinco maiores bancos nacionais pagaram, na primeira metade do ano, impostos no valor de 217 milhões de euros, o que é quase o dobro do arrecadado pelo Estado no mesmo período do ano anterior, 113 milhões de euros. E isto num exercício que, em termos globais, foi muito mais negativo para o sector financeiro nacional.
Basta dizer que o BPI foi o único banco entre os maiores a conseguiu melhor resultados de um ano para o outro. Totta e BES tiveram menos lucro, enquanto as maiores instituições do sistema, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BCP passaram mesmo de lucros para prejuízos. Apesar disso, só o banco público pagou menos impostos que no ano anterior.
Na última apresentação de resultados, Ricardo Salgado foi assertivo ao dizer que a carga fiscal suportada pelo BES "é absolutamente brutal". E, olhando para os números, percebe-se que o BES sofreu um grande aumento de tributação de um exercício para o outro. Na primeira metade de 2011 havia beneficiado de um crédito fiscal e pago apenas 8,8 milhões de euros; um ano depois, apesar da descida do resultado operacional (o universo sobre o qual incide a tributação), a factura subiu para 115,4 milhões de euros, entre IRC e a contribuição extraordinária sobre o sector bancário, que todas as instituições têm de suportar. E foi mesmo este grande aumento do BES a influenciar decisivamente os números do sector. Na altura, Salgado explicou que tal se devia ao facto de não se poder deduzir fiscalmente uma perda de 192 milhões de euros com acções da EDP e da PT, apesar de quando há ganhos ser uma operação fiscalmente relevante; e também com a consolidação integral do BES Vida, com impacto fiscal. E, olhando para as contas do banco, é visível que, para além de uma conta de 44 milhões de euros em termos correntes, o BES sofreu o impacto de 56 milhões de euros em impostos diferidos, ou seja, esta última parcela foi uma factura fiscal vinda de exercícios anteriores. Contas feitas, a taxa efectiva suportada pelo BES no primeiro semestre ascendeu a 56%. Ainda assim muito abaixo dos 89% da CGD, que viu ir para o Fisco 89% dos resultados antes de impostos
Fonte: Diário Económico