Situação de contingência devido aos incêndios vai ser prolongada até domingo

Temperaturas vão começar a descer esta sexta-feira, mas António Costa lembra: "Podemos deixar de estar em estado de contingência, mas não podemos passar ao estado de despreocupação."

A situação de contingência em Portugal continental devido ao risco de incêndio vai ser prolongado até domingo. A informação foi avançada, esta quinta-feira, pelo primeiro-ministro durante uma reunião com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

António Costa questionou se a decisão política deveria passar pelo prolongamento da situação de contingência em Portugal e recebeu uma resposta afirmativa.

"A temperatura vai baixar nos próximos dias, mas temos uma acumulação de incêndios nos últimos dias. Apesar de as ignições terem tendência para baixar, há um legado que passa de dia para dia, para além do crescente desgaste das forças que estão no terreno."

Para já, "cuidado máximo", apela Costa: as previsões meteorológicas apontam para um agravamento das temperaturas esta quinta-feira e manutenção do tempo quente até domingo. "Hoje é o dia em que precisamos de mais cuidado do que nunca para evitar que haja novas ocorrências", depois de um dia "muito duro", com mais de 200 ocorrências. Ainda há sete incêndios ativos.

Além disso, "há um desgaste cada vez maior na extraordinária ação dos bombeiros e em todos os outros agentes da Proteção Civil", aponta.

A situação de contingência vai manter-se pelo menos até às 24 horas de domingo, dia em que as temperaturas deverão começar a descer, mas o primeiro-ministro promete que será ponderado o prolongamento do nível de alerta para a próxima semana.

Apesar da descida de temperatura, as temperaturas continuarão acima dos 30 graus. "Por isso, podemos deixar de estar em estado de contingência, mas não podemos passar ao estado de despreocupação."

António Costa reitera que está na mão de todos evitar incêndios, e agradece aos portugueses o "cuidado extremo" para prevenir incêndios, evitando fazer lume em zonas florestais e o uso de máquinas agrícolas.

"Esta é altura para nos mantermos o mais longe possível da floresta", apela, porque "de um pequeno descuido pode nascer uma enorme tragédia".

Questionado sobre a falta de meios no terreno, o primeiro-ministro lembra que os meios "têm de ser geridos" caso a caso. Há muitas casas sob ameaça, pelo que "quem comanda" tem de decidir como alocar os meios a cada momento.

Portugal já pediu mais meios ao Mecanismo Europeu. Os dois Canadair provenientes de Espanha tiveram de regressar para combater incêndios no país de origem, mas continuam ativos dois Canadair do Canadá.

"Cada um pode ser solidário em função das suas próprias necessidades", nota: se outro país pedisse ajuda a Portugal neste momento também não seria possível prestar essa ajuda.

E quando os incêndios são causados deliberadamente? António Costa explica que está a ser aplicado um "novo mecanismo", criado em 2017, que permite aos tribunais aplicar "medidas de detenção domiciliária preventiva a pessoas que foram condenadas por incendiarismo ou que se sabe que têm uma propensão para o incendiarismo".

Portugal está em situação de contingência desde segunda-feira. Num primeiro momento, a medida estaria em vigor até esta sexta-feira, mas, de acordo com uma nota do Ministério da Administração Interna, poderia ser prolongada em caso de necessidade.

A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, "que apontam para o agravamento do risco de incêndio rural".

No sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse que esta é a primeira vez que a Proteção Civil recorre à figura da situação de contingência nestas circunstâncias.

"Esta declaração resulta da elevação do estado de alerta especial da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC], em função do agravamento das previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera [IPMA], com grande parte do território continental nos níveis elevado, muito elevado e máximo de risco de incêndio. Considera ainda o esforço que impende sobre o dispositivo operacional e a necessidade de serem adotadas medidas preventivas e especiais de reação face ao risco", é referido na nota.

A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na lei da Proteção Civil e é declarada quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal.

Fonte: TSF
Foto: Paulo Novais/Lusa