Vistos gold em 'queda livre'

Entre dezembro e janeiro, a concessão de vistos caiu 31% e os profissionais do imobiliário queixam-se de falta de 'cobertura política'

Nos últimos três anos os vistos gold foram os grandes responsáveis pelo relançamento do mercado imobiliário em Portugal, na sua vertente habitacional — uma parte do mercado que, com a crise de 2011, ficou praticamente moribunda, levando centenas de empresas à falência e ao dilatar das carteiras de imobiliário malparado da banca em geral.

Para se ter uma ideia do significado dos vistos gold no imobiliário, basta referir que desde o seu lançamento oficial — em finais de 2012 — até à atualidade, entraram no mercado mais de €1,5 mil milhões.

O problema, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP), é que a cobertura política dada aos vistos gold tem vindo a cair nos últimos meses e só em janeiro deste ano a quebra no número de vistos concedidos foi de 31% face a dezembro de 2015. Passou-se de 95 para 65 vistos.

Luís Lima, presidente daquela associação, não se conforma com a situação e queixa-se de que “atualmente não há interlocutor no Governo com quem possamos discutir esta matéria. Parece que toda a gente tem medo de mexer no tema dos vistos gold”.

‘ACABE-SE COM OS VISTOS’
O representante dos mediadores imobiliários vai mais longe e sugere mesmo que, “provavelmente, o melhor seria acabar de vez com o regime de concessão daquele tipo de vistos”, que atualmente tem uma certa conotação ‘tóxica’. Luís Lima avança ainda com outra sugestão: “Porque é que não se muda o nome, por exemplo para ‘ vistos de investimento’”?

Ainda segundo o mesmo responsável, devido à pouca atenção dada àquele regime de concessão de vistos — em que há casos de estrangeiros que passam 10 a 12 meses à espera de uma resposta — alguns investidores chineses estão já a comunicar às autoridades do seu país o que se está a passar. “E é óbvio que isso não abona nada a nosso favor. Aliás, estou a pensar seriamente em cancelar uma missão de promoção do imobiliário português pela Ásia e Médio Oriente pois começa a estar em causa a credibilidade do Estado português nesta matéria”.

Fonte: Expresso