Portugueses preferem cortes nos benefícios sociais ao aumento de impostos

Inquérito europeu conclui que aumento das contribuições enfrenta mais resistências nos países onde já se verificaram fortes subidas de impostos devido à crise.

Os portugueses preferem uma redução do actual nível de benefícios do Estado Social a um aumento das contribuições ou impostos, revela um estudo levado a cabo em oito Estados-membros da União Europeia e divulgado esta terça-feira.
O estudo, encomendado pela "Vision Europe Summit" - uma rede de "think tanks" (grupos de reflexão) que inclui, entre outros, a Bertelsmann Stiftung (Alemanha), o Instituto Jacques Delors (França) e a Fundação Calouste Gulbernkian (Portugal) -, revela que 46,8% dos portugueses defendem uma redução dos benefícios se o actual sistema de segurança social e de pensões se revelar insustentável, e apenas 29,5% um aumento das contribuições (23,8% não expressam opinião) para compensar a diferença entre receitas e despesas.

A percentagem de inquiridos que advoga um aumento das contribuições ou de impostos caso estes não sejam suficientes para manter o actual nível de benefícios (29,5%) é o mais baixo entre os oito países onde foi conduzido o estudo, com a Finlândia a surgir à cabeça (55,9% favoráveis a um aumento), seguida de Reino Unido (49,9%), Alemanha (47,8%), Bélgica (45,1%), França (36,8%), Polónia e Itália (ambos com 35,7%).

O estudo conclui que um aumento das contribuições enfrenta mais resistências nos países onde já se verificaram fortes subidas de impostos devido à crise, casos de Portugal e Itália.

Em comum, os cidadãos dos oito países têm uma perspectiva pessimista sobre o futuro do Estado Social, com a grande maioria, em todos os Estados-membros, a considerar que em 2050 o mesmo não conseguirá responder às necessidades dos cidadãos.

As principais preocupações em Portugal prendem-se com as pensões (56% dos inquiridos vaticinam que em 2050 o sistema português não cobrirá as necessidades nesta matéria), com o apoio aos desempregados (55%) e com os cuidados de saúde (52%).

Questionados sobre qual deve ser a prioridade do futuro sistema de segurança social no país, a maior parte dos portugueses inquiridos aponta a prestação de cuidados de saúde e os cuidados a idosos.

Fonte: Rádio Renascença