Juízes acusam ministra de "inventar"

Já o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público lamenta que Paula Teixeira da Cruz não seja capaz de lidar com os representantes do sector.

A presidente da Associação Sindical de Juízes Portugueses (ASJP) rejeita que o corte de relações com o Governo seja uma forma de afirmação das novas lideranças sindicais e acusa a ministra da Justiça de “inventar” factos para desviar atenções.
“A opinião pública, por força das declarações da senhora ministra, está convencida que foram os juízes que fizeram com que não houvesse estatuto. A senhora ministra, literalmente, inventou valores perfeitamente anormais, continua a insistir que foi proposto que os auditores de justiça recebessem quatro mil euros”, afirma Maria José Costeira, em declarações à Renascença.
A presidente da ASJP desafia a ministra Paula Teixeira da Cruz a apresentar essa proposta e garante que os auditores de justiça nem constam do estatuto dos juízes.
“Tenho pena que a senhora ministra entenda que os problemas da justiça sejam um conflito”, diz Maria José Costeira.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), António Ventinhas, disse à Renascença que a ministra da Justiça está a negar a realidade, porque não é capaz de lidar com os representantes do sector.
“A não aprovação dos estatutos deve-se, única e exclusivamente, ao Ministério da Justiça. Na única reunião que tive com a senhora ministra da Justiça disse claramente que a questão remuneratória, por nós, não é impedimento para a aprovação dos estatutos. Estamos dispostos a prescindir da questão remuneratória, desde que fique consagrada toda a nova organização do Ministério Público”, afirma António Ventinhas.
Em entrevista à Renascença e ao "Público", a ministra da Justiça diz não ver razões para as posições dos magistrados e dos juízes, cujas associações cortaram relações com a tutela.
Paula Teixeira da Cruz diz que só pode explicar-se pela necessidade de afirmação das novas lideranças das associações sindicais representativas do sector, que acusa de terem prometido o que não podiam.
Para a governante, os estatutos destes magistrados não avançam por pretensões salariais excessivas e dá um exemplo: "Ninguém compreenderá que um estudante do Centro de Estudos Judiciários ganhe 4.000 euros".


Fonte: Rádio Renascença