Testamento Vital, mas pouco

As adesões ao testamento vital estão noventa e oito por cento abaixo das expectativas. A TSF apurou que «apenas» 806 testamentos foram registados nos primeiros seis meses da base de dados do Testamento Vital.

Não há uma explicação para uma adesão tão baixa mas os serviços do Ministério da Saúde, que alojam o testamento, têm uma ideia daquilo que se pode estar a passar.

Tudo aponta para que antes de avançarem para a realização do testamento, os utentes estejam a consultar o médico sobre o assunto. Essa é a explicação encontrada pelo presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Henrique Martins, para um número tão baixo de testamentos realizados.
«Havia uma expectativa de termos no final do ano mais testamentos vitais do que temos», afirma Henrique Martins.
Perante um população de cinquenta mil crentes das testemunhas de Jeová em Portugal era espectável que as adesões fossem maiores.

«O número de cidadãos que se opõem a questões relacionadas com a medicina transfusional e o número de cidadãos em situações paliativas é muito superior a 800 e portanto a nossa expectativa rondava os cinquenta mil utentes que teriam interesse em registar o seu testamento vital», sublinha Henrique Martins.
Apesar desta fraca adesão não está a ser equacionada nenhuma campanha para o Testamento Vital, porque «achamos que é uma questão demasiado pessoal para ser lidada assim, contudo temos tido o cuidado de divulgar o projeto. Acho que não se deve esconder esta possibilidade das pessoas que é um direito que devem exercer se sentirem essa necessidade», conclui Henrique Martins.

Também devido ao baixo número de adesões o conteúdo clínico dos testamentos ainda não foi verificado pela Direcção Geral de Saúde, como está previsto pela Lei, de modo a que se percebam os grandes temas relacionados com os pedidos de testamento vital.

No últimos seis meses, 48% dos testamentos foi feito por utentes com menos de 65 anos e 60% foram mulheres.


Fonte: TSF