Relatório europeu aponta para degradação das condições de trabalho em Portugal

Jovens com menos qualificações foram os mais afectados pela crise e o recrutamento de quadros superiores está a baixar em relação à média da população empregada.

Os trabalhadores portugueses com qualificação média (até ao 12º ano) estão a ocupar os postos de trabalho menos qualificados. Esta é uma das conclusões do relatório europeu de 2014 sobre ofertas de emprego e recrutamento, divulgado esta segunda-feira.

O relatório divide os 28 países em três grupos e Portugal integra o que está em piores condições no que toca ao mercado laboral, afectado pela crise económica. Ou seja, há uma degradação das condições de trabalho, em que as pessoas contratadas em 2012 ocuparam postos de trabalho, que exigem uma qualificação inferior à média da população empregada.

Mais de metade da contratação foi para estes empregos sem necessidade de habilitações especiais, mas que absorveram pessoas com o ensino secundário, deixando os de menores qualificação sem trabalho. O recrutamento de quadros superiores não chegou a 20% do total e está a baixar em relação à média da população empregada.

Portugal ocupa o fundo da tabela, com a Espanha, Malta, Itália, Grécia, Holanda e Dinamarca, à frente. Mas no caso destes dois últimos países, o estudo justifica a posição com o facto de muitos alunos do secundário começarem a trabalhar antes de concluírem os estudos.

O relatório sobre as ofertas de emprego e o recrutamento refere ainda que em 2012 a União Europeia tinha cerca de 218 milhões de pessoas empregadas, menos 2,6% do que em 2008. A percentagem de ofertas baixou quase 20% em quatro anos e a contratação, 14% embora com diferenças entre países.

Os jovens com menores qualificações foram os mais afectados pela crise. Em 2012, quase 60% dos contratos foram a prazo, percentagem que subiu ainda mais para as chamadas “ocupações básicas”.

Por outro lado, os lugares que exigiam qualificações mais elevadas foram preenchidos mais rapidamente, sobretudo nas áreas das tecnologias de informação, cuidados pessoais e enfermagem. Os empregos que exigem qualificações médias foram os mais caíram no recrutamento nos últimos dois anos.


Fonte: Rádio Renascença