Estado leva 129 dias para pagar faturas

As empresas públicas portuguesas levam, em média, 129 dias para liquidar as suas faturas, o que corresponde a um atraso de 69 dias sobre o prazo legalmente estabelecido, e que é de 60 dias. Um prazo que diminuiu, em quatro dias, face a 2013, mas que, mesmo assim, corresponde a mais do dobro do atraso médio das empresas, que se situa nos 33 dias, e dos particulares, que está estabilizado nos 30 dias.

Os dados são do Índice de Risco de Portugal 2014, um estudo da Intrum Justitia com base na décima edição do EPI - European Payment Index, e mostram, ainda, que os créditos superiores a 90 dias “continuam a ter um peso muito relevante”, atingindo 27% do total.

No trabalho da Intrum Justitia, consultora europeia especializada em serviço de gestão de crédito e cobranças, ficamos ainda a saber que os incobráveis se agravaram em Portugal, passando de 3,9% em 2013 para 4% este ano, sendo que, na Europa, esse número se agravou em 0,1 pontos percentuais e está nos 3,1%.
“Os incobráveis são mais elevados na Europa Meridional e de Leste, enquanto que os países do norte como a Noruega, Finlândia e Suíça têm uma menor percentagem de incobráveis”, destaca o comunicado da consultora.
No total, há cerca de 360 mil milhões de euros de incobráveis em toda a Europa. Se este valor estivesse disponível, as empresas europeias “podiam fazer novos investimentos e contratar mais colaboradores. Mas, ao contrário disso, há cada vez mais empresas a cortar gastos para evitar a falência”, diz Luís Salvaterra, diretor geral da Intrum Justitia em Portugal.
No caso das empresas portuguesas inquiridas, 70% apontam a perda de rendimentos como uma consequência dos atrasos de pagamento, 84% receia pela liquidez da empresa e 66% afirma que os atrasos impediram o crescimento da sua empresa. Mais, 45% não tem qualquer intenção de contratar novos funcionários.
“Estes são números muito preocupantes. A redução generalizada das vendas e da liquidez das empresas e a forte restrição no acesso ao crédito por parte dos bancos exercerem um enorme impacto na recessão global em Portugal”, acrescenta Luís Salvaterra.
A Intrum Justitia situa o índice de risco de pagamentos em Portugal nos 192, patamar que exige uma “intervenção urgente e a tomada de medidas para baixar o perfil de risco”.


Fonte: Dinheiro Vivo