PGR angolano anuncia processos contra portugueses

PGR de Angola diz que há processos relacionados com branqueamento de capitais que envolvem portugueses.

Em entrevista ao Jornal O País, João Maria de Sousa afirma que "em Angola vivem e trabalham milhares e milhares de portugueses, e há processos em curso contra alguns deles, em alguns casos relacionados com branqueamento de capitais". E acrescenta: "quando se está perante situações em que não se conhece bem a origem de determinados dinheiros, que depois são retirados das contas e desaparecem do território angolano, temos de investigar e referenciar as pessoas envolvidas".

O magistrado aponta o dedo a empresas e empresários, sublinhando que "preferimos não pagar na mesma moeda e manter o anonimato dessas pessoas porque estamos a trabalhar é com processos protegidos pelo segredo de justiça, e quando chegar o momento próprio e as coisas estejam devidamente clarificadas e não haja possibilidade de se criar qualquer tipo de ambiguidade, então sim, vamos divulgar toda a informação para que a sociedade angolana fique devidamente esclarecida".

Quanto às investigações judiciais que decorrem em Portugal contra altas figuras angolanas, incluindo João Maria de Sousa, a mesma fonte refere que "os países são soberanos e têm as suas leis, que devem ser observadas e respeitadas por qualquer cidadão, seja ele nacional ou estrangeiro, desde que se encontre sob a sua jurisdição. Em Angola, ninguém é contra a instauração de procedimentos penais contra qualquer pessoa, desde que haja fundamentos para tal".

As suas críticas são, no entanto, direccionadas à violação do segredo de justiça. "A única coisa que achamos estranha é que processos que se encontram salvaguardados pelo segredo de justiça sejam conhecidos em detalhe pelos jornalistas e os factos levados ao conhecimento do público por certos jornais, em cujas páginas são feitos autênticos julgamentos públicos com as pessoas a serem achincalhadas de todas as formas sem possibilidade de deles"», refere João Maria de Sousa.

Sobre as polémicas declarações do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, o procurador-geral da república angolana diz "que por ser um assunto interno, não gostaria de fazer apreciações à volta do ocorrido".

Fonte: Diário Económico