Autoridade da Concorrência ataca concertação de preços

Passos Coelho e Pires de Lima vetaram escolha feita por Álvaro Santos Pereira para a Autoridade da Concorrência.

António Pires de Lima quer que uma das prioridades da nova direção da Autoridade da Concorrência (AdC) seja o combate às práticas concorrenciais proibidas, como a concertação de preços.

Trata-se de uma antiga bandeira do CDS (que muitas vezes levantou suspeitas sobre os preços dos combustíveis) e essa "foi uma preocupação transmitida" a António Ferreira Gomes, apresentado esta semana como novo presidente da AdC, em substituição de Manuel Sebastião.

Em declarações ao Expresso, o ministro da Economia elogia o trabalho do presidente cessante, em particular nas concentrações e estudos, mas nota que "há margem para progresso" em relação às práticas proibidas. "Temos a oportunidade para uma melhoria substancial na deteção e atuação eficaz em relação a este tipo de práticas comerciais" de "cumplicidade entre operadores em sectores com concorrência imperfeita ou limitada".

Álvaro Almeida 'desconvidado'

A escolha de Ferreira Gomes pôs fim ao imbróglio em que se tinha tornado a escolha para a AdC. O nome apontado para o lugar era Álvaro Almeida, que recebeu luz verde da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP). Só depois dessa aprovação se soube que Álvaro Almeida é irmão de Miguel Almeida, o CEO da Optimus, que aguardava parecer da AdC para concretizar a fusão com a Zon.

Apesar da polémica, o ex-ministro Álvaro Santos Pereira defendia que Almeida tinha condições para assumir as funções. Entendimento diferente tiveram Passos Coelho e Pires de Lima. Segundo o Expresso apurou, o PM ficou incomodado com a revelação e não deu seguimento à nomeação de Álvaro Almeida.

O novo ministro da Economia partilhava das reservas do chefe do Governo e até a CReSAP terá ficado surpreendida ao saber da ligação familiar que estava em causa. O nome acabou por ser vetado e coube a Pires de Lima 'desconvidar' Almeida por considerar que haveria um conflito de interesses.

Apesar da fusão Optimus/Zon já ter sido aprovada, esse processo terá de continuar a ser acompanhado de perto pela AdC, além de que as telecomunicações são um dos sectores que merecem vigilância atenta da autoridade.

Fonte: Expresso