Só 2% das denúncias de lavagem de dinheiro chegam a inquérito

Apesar de as denúncias feitas pelo sector financeiro sobre operações suspeitas de branqueamento de capitais terem vindo a aumentar ano após ano, apenas 2% dessas comunicações resulta num processo-crime, ou seja, num inquérito aberto pelo Ministério Público (MP) para uma investigação formal e mais profunda.

Segundo o "Diário Económico", magistrados e advogados justificam que este é um dos crimes económicos mais difíceis de investigar e provar.

Os dados fornecidos pela Procuradoria Geral da República ao mesmo jornal revelam que, em 2012, das 2.270 comunicações feitas pela banca ou instituições financeiras, só 51 acabaram num processo-crime, o que representa 2,2% do total. Daquelas denúncias, 410 foram arquivadas (18%) e as restantes ficaram em análise.

Em entrevista àquele diário, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), Rui Cardoso, justificou o parco número de processos-crime explicando que só há crime “se houver um crime precedente, se o dinheiro tiver sido obtido com base noutro crime e isso nem sempre é fácil de demonstrar, sobretudo se o primeiro crime e o dinheiro obtido tiverem origem no estrangeiro”.

Desde 2008 que as instituições financeiras e não financeiras estão obrigadas a comunicar suspeitas deste crime às autoridades e a banca acaba por ser a principal financiadora. Em 2012, fonte do DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) disse ao "Diário Económico" que foram ordenadas a suspensão de 50 operações bancárias.

Se no ano passado foram apreendidos 16 milhões de euros, este ano o valor em meio ano subiu para 22 milhões de euros.

Fonte: Jornal de Negócios