Habitação. As rendas deverão subir em 2022
Este ano, as rendas ficaram congeladas devido aos efeitos da pandemia. Agora, os dados mais recentes da taxa de inflação apontam para um pequeno aumento.
As rendas das casas poderão registar uma ligeira subida em 2022, depois de um ano congeladas devido ao impacto da pandemia na economia, que conduziu a uma quebra nos preços. A taxa de inflação de julho divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que se fixou nos 1,5%, apresenta uma tendência crescente, assinalando assim o previsível aumento.
A atualização das rendas é determinada pela taxa de variação média do índice de preços dos últimos 12 meses terminados em agosto, excluindo a habitação, e em julho esse valor ficou nos 0,29%. Embora ainda seja necessário esperar pelos dados de agosto, nada indica que neste mês a taxa sofrerá uma oscilação significativa que impeça um aumento nas rendas habitacionais, comerciais e industriais. Desde maio que este indicador está em terreno positivo.
Este ano, as rendas ficaram congeladas porque o Índice de Preços do Consumidor, excluindo habitação, nos 12 meses terminados em agosto de 2020, que determina o coeficiente de atualização de rendas, fixou-se nos 0,04. Na última década, a última vez que essa situação se verificou foi em 2015. Daí para a frente, subiram todos os anos - 0,16% em 2016, 0,54% em 2017, 1,12% em 2018, 1,15% em 2019 e 0,51% em 2020. Caso se registe um aumento de 0,29% em 2022, um inquilino com uma renda de 1000 euros irá pagar mais 2,90 euros mensais, ou mais 34,80 euros no total do ano.
Mas só no fim deste mês, quando o INE publicar a estimativa rápida da taxa de inflação referente a agosto, se saberá com maior rigor se as rendas vão realmente subir. O valor oficial será divulgado em setembro. E após se conhecer os dados oficiais do coeficiente de atualização de rendas é ainda necessário a sua publicação em Diário da República até 30 de outubro. A partir desse dia, os senhorios podem comunicar aos inquilinos o valor do aumento das rendas no próximo ano.
Inflação acelera
A taxa de inflação fixou-se nos 1,5% em julho, um incremento de um ponto percentual face ao mesmo mês do ano passado. O INE destaca o aumento das taxas de variação homóloga (julho deste ano face ao mesmo mês de 2020) dos restaurantes e hotéis, que recuperaram de uns negativos 6,2% para 1,1% negativos, dos transportes, que subiu de 3,8% para 5,3% e das bebidas alcoólicas e tabaco, que aumentaram de 0,1% para 1,5%. Em sentido oposto, assinala a diminuição das variações homólogas no vestuário e calçado (variação -0,6%), na classe da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (1,5%) e da saúde (2,1%).
No que toca às rendas de habitação, a variação homóloga por metro quadrado foi de 1,9% em julho, com todas as regiões do país a registarem variações positivas, adianta o INE. Lisboa apresentou o maior aumento, 2,1%. Já a variação mensal do valor médio das rendas das casas por metro quadrado foi de 0,2%, contra 0,1% em junho. O Algarve foi onde se verificou a maior variação mensal positiva, com uma taxa de 0,3%.
Fonte: DN/Sónia Santos Pereira (jornalista do Dinheiro Vivo)
Foto: Artur Machado/Global Imagens