Direcção do SEF do aeroporto demite-se depois de PJ deter três inspectores suspeitos de matar ucraniano

Os detidos, com 42, 43 e 47 anos, serão os presumíveis responsáveis pela morte de um homem de nacionalidade ucraniana, de 40 anos, que tentara entrar como turista a 11 de Março. Director e sub-director de fronteira do SEF demitem-se. Segundo a TVI inspectores tentaram ocultar os factos mas estação apurou que “foi barbaramente agredido até à morte”.

A direcção de fronteira de Lisboa do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) demitiu-se depois de a Polícia Judiciária (PJ) ter detido três inspectores por fortes indícios da prática de um crime de homicídio de um cidadão ucraniano no Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa, anunciou o gabinete de imprensa do SEF. António Sérgio Henriques, director de fronteiras de Lisboa, e Amílcar Vicente, sub-director, cessaram funções esta segunda-feira.

A PJ emitiu esta manhã um comunicado em que anuncia que os detidos, com 42, 43 e 47 anos, serão os presumíveis responsáveis pela morte de um homem de nacionalidade ucraniana, de 40 anos, que tentara entrar, ilegalmente, por via aérea, a 11 de Março.


Os factos terão sido cometidos a 12 de Março, depois de a vítima ter supostamente provocado alguns distúrbios no local. Segundo o SEF, o óbito foi comunicado no próprio dia ao procurador adjunto do DIAP de Lisboa e à Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI).

Os detidos serão esta segunda-feira presentes a primeiro interrogatório judicial, no qual lhe serão decretadas as medidas de coação processual adequadas.

O PÚBLICO aguarda comentários do Ministério da Administração Interna (MAI).

A notícia foi avançada pela TVI no domingo. Segundo a estação de televisão, o cidadão ucraniano queria entrar em Portugal como turista e foi barrado. A TVI detalha que o SEF decidiu que ele iria embarcar no voo seguinte de regresso à Turquia, mas terá reagido mal. Terá sido levado para uma sala de assistência médica, no CIT, onde acabaria “por ser torturado e morto à pancada”. Adiantam ainda que os inspectores “tentaram ocultar os factos, sem accionar” a PJ, cuja secção de homicídios só seria alertada durante a autópsia, pelos peritos do Instituto de Medicina Legal de Lisboa. A TVI diz ainda ter apurado que os sinais de violência no cadáver indiciam que o cidadão “foi barbaramente agredido até à morte, inclusive com recurso a pontapés, quando se encontrava incapaz de resistir: na manhã de dia 12, quando foi encontrado em agonia, estava algemado e deitado de barriga para baixo”.

Os CIT, ou espaços equiparados, albergam as pessoas a quem foi recusada a entrada em território nacional ou que apresentaram pedido de asilo nos aeroportos ou que se encontrem a aguardar afastamento de território nacional. Neste momento há um CIT no Porto, a Unidade Habitacional de Santo António (UHSA), e três espaços equiparados em Lisboa (o do aeroporto), Porto e Faro.

Fonte: Público