Corrupção. Ano vai a meio e já há mais acusados que em 2014

Em seis meses, o Ministério Público travou transacções suspeitas no valor de 49 milhões de euros.

O número de arguidos acusados por corrupção desde o início de 2015 já é superior ao registado em todo o ano passado, segundo dados da Procuradoria-Geral da República (PGR) a que a Renascença teve acesso.

Entre Janeiro e 17 de Junho, o Departamento Central de investigação e Acção Penal (DCIAP), entidade que investiga criminalidade organizada e de maior dimensão, constituiu já 16 arguidos no âmbito de inquéritos por corrupção.

Os dados agora revelados à Renascença pela PGR demonstram ainda que só até metade deste mês de Junho já se ultrapassaram as 14 acusações por corrupção activa, passiva e branqueamento relativamente a 2014.
O Ministério Público (MP) já acusou três vezes mais arguidos por corrupção em comparação com 2013, ano em que cinco pessoas foram acusadas daquele crime.

MP travou transacções suspeitas no valor de 49 milhões
O Ministério Público (MP) conseguiu suspender operações bancárias suspeitas de crime económico no valor de cerca de 49 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano, revela a PGR.
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), responsável pela investigação da criminalidade organizada e de maior dimensão, tem em curso 39 inquéritos por suspeitas de branqueamento de capitais e outros crimes financeiros.
Foram suspensas 36 operações bancárias, que envolviam cerca de 49 milhões de euros, um número superior a 2014, ano em que foram suspensas 43 operações que envolviam perto de 36 milhões, de acordo com os dados do DCIAP.
Entre Janeiro e Junho, o DCIAP já recebeu mais de 1.600 queixas, ou seja, mais de metade das participações feitas durante todo o ano de 2014.
Em causa estão denúncias de transacções financeiras duvidosas e susceptíveis de configurar branqueamento de capitais, entre outros ilícitos económicos.
As comunicações chegam de instituições de crédito, empresas de investimento, sociedades gestoras de fundos, entre outras.
DIAP Lisboa investiga 30 alegados casos de corrupção
No Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que investiga todo tipo de criminalidade penal, incluindo corrupção e alguma criminalidade económica, desde o início deste ano, o MP abriu 30 investigações por corrupção, produziu duas acusações e arquivou 18 casos relacionados com este tipo de criminalidade.
Nos últimos quatro anos o número de inquéritos relativos a corrupção no DIAP de Lisboa tem vindo a diminuir, revelam os dados fornecidos à Renascença pelo departamento.
De acordo com dados oficiais, em 2014 o DIAP iniciou 47 novas investigações de suspeitas de corrupção, produziu seis acusações e 20 arquivamentos, números que contrastam com os 64 inquéritos instaurados em 2012 e os 51 de 2013.
Num olhar mais alargado e incluindo outro tipo de criminalidade como o peculato e o branqueamento, participação económica em negócio, apropriação ilegítima e administração danosa no exercício de funções públicas, pode concluir-se que foi em 2013 que se registaram mais acusações (31) e mais arquivamentos (81).
No último ano, por exemplo, foram apenas 15 as acusações proferidas pelo Ministério Público. Este ano contam-se 11, até ao momento.
Para reflectir sobre esta criminalidade económica e a corrupção, magistrados, juízes e advogados reúnem-se num colóquio marcado para sexta-feira e sábado, na Figueira da Foz.

Maria José Costeira, presidente da Associação Sindical de Juízes, considera que mais do que mudanças de lei o que é urgente para melhorar o combate a este crime é o reforço de meios humanos.
Já António Ventinhas, presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público, diz, por seu lado, que este encontro de formação conjunta é importante para reunir especialistas e encontrar novos caminhos. Quanto à corrupção considera que está sempre nos discursos políticos, mas nunca sai deles.


Fonte: Rádio Renascença