Empresas de gestão de condomínios sem legislação nem controlo

Associação do sector lamenta que os sucessivos governos não se tenham preocupado em regular esta actividade.

Há falta de legislação e controlo das empresas de gestão de condomínios em Portugal. A associação do sector denuncia a existência de gestores e empresas de “vão de escada”.
Há prédios que por falta de tempo decidem entregar a gestão do condomínio a empresas. Registadas são cerca de 1.200, mas no terreno são bem mais. Este é um sector que lida com mais de cinco milhões de pessoas.
O presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Gestão e Administração de Condomínios (Apegac) reconhece que há muitas empresas que fazem administrações duvidosas. Vítor Amaral lamenta que, até hoje, os sucessivos governos não se tenham preocupado em regular esta actividade.
“Existem irregularidades, empresas que praticam actos dolosos. Qualquer pessoa tem uma empresa destas, basta chegar às Finanças e fazer o registo. Há empresas a fazer gestão de ‘vão de escada’”, diz o presidente da Apegac.
Más experiências na gestão do condomínio
Laura, ex-administradora de um prédio em Lisboa, já teve uma má experiência com duas empresas. A gestão do condomínio acabou por regressar às mãos dos moradores.
“A empresa em causa mudou o sistema informático e alegou isso para não apresentar contas de um ano civil. Comecei a insistir, porque não era possível passar mais um ano sem apresentarem as contas, eles enviaram o relatório de contas e eu, aí, fiquei muito chocada porque havia grandes dívidas e não havia quase dinheiro nenhum na conta à ordem do condomínio”, conta Laura.
As dívidas dos condóminos são outro problema grave. Susana, administradora de um prédio em Lisboa, conta que um vizinho “não paga desde 2009. Todos os outros são obrigados a pagar quotas extra. Estão em divida mais de 20 mil euros”.
“Não vemos, na prática, grande probabilidade de reaver o dinheiro. Temos a sensação que a justiça não funciona. Os julgados de paz não obrigam ninguém a pagar. É uma justiça diferente”, conclui Susana.


Fonte: Rádio Renascença