Interesse pelas europeias aumenta. Portugueses são muito pró-UE, mas só 14% sabem dia do voto
O último Eurobarómetro antes das eleições de 6 a 9 de junho revela as prioridades que os europeus gostariam ver debatidas na campanha e que tencionam ir mais às urnas do que há cinco anos.
A sete semanas das eleições europeias, os cidadão da UE acreditam que o contexto internacional - com a guerra na Ucrânia longe do fim e o conflito entre Israel e o Hamas a ameaçar alastrar pelo Médio Oriente, já para não falar na probabilidade de Donald Trump regressar à presidência dos EUA após as eleições de novembro - torna este escrutínio ainda mais importante (81%). Seis em cada dez responderam interessar-se pelas eleições que irão decorrer entre 6 e 9 de junho nos 27 Estados-membros - são mais 11 pontos percentuais do que no mesmo período antes das europeias de 2019, segundo os dados do último Eurobarómetro agora divulgados. Com o fantasma da abstenção a pairar - Portugal vai às urnas a 9 de junho, véspera de feriado -, os portugueses podem ser os que têm a melhor imagem da UE (69%), destacam que a União tem impacto positivo na sua vida (82% quando na UE é 73%), mas apenas 57% dizem ser provável ir votar, abaixo dos 71% da média europeia, mas mesmo assim dez pontos acima do que era há cinco anos. Um interesse claramente mais forte nos mais velhos - na faixa etária dos 15-24 anos só 27% dos portugueses está a pensar ir às urnas. E só 14% mostraram conhecer a data (mês e ano) das eleições.
Depois de cinco anos em que o Parlamento Europeu teve de lidar com o Brexit, com a pandemia e com a invasão russa da Ucrânia, a perceção do trabalho da Eurocâmara melhorou nos 27, mais uma vez com Portugal a destacar-se com 66% de opiniões positivas. No extremo oposto da tabela, a França é a mais pessimista, com as opiniões negativas a baterem as positivas (28% contra 27%).
Uma tendência a que não será alheio o forte crescimento da extrema-direita nas sondagens para as europeias em França, com o Rassemblement National (ex-Frente Nacional, de Marine le Pen) a liderar, com 13 pontos de vantagem sobre o partido do presidente Emmanuel Macron, segundo o último estudo Ipsos-Sopra Steria.
Uma forte subida da extrema-direita nas próximas europeias é um receio palpável em Bruxelas, bastando olhar para as sondagens, bem como para os recentes resultados nacionais em vários Estados-membros, inclusive Portugal - onde o Chega passou de 12 para 50 deputados nas legislativas de março - , para imaginar o que pode acontecer se isso se refletir na distribuição dos 720 eurodeputados que serão escolhidos em junho.
Prioridade à Economia, preocupação com a Defesa
Luta contra a pobreza e exclusão social, Saúde Pública e apoio à Economia e criação de empregos são as três prioridades que os cidadãos da UE gostariam de ver debatidas na campanha, logos seguidas, da Defesa e Segurança europeias. Este último tema tem vindo a ganhar importância nos últimos anos.
Os portugueses acompanham estas prioridades, colocando a Economia e criação de emprego em primeiro lugar (55% quando a média europeia é de 31%), a luta contra a pobreza em segundo (52% vs 33% na UE) e a Saúde Pública em terceiro (48% vs 32%).
Prioridade número um para Dinamarca, Finlândia e Lituânia, o que não surpreende dada a proximidade com a Rússia, a segurança só surge com 25% das respostas em Portugal.
Mas quando olham para o futuro, a segurança e Defesa passa para a frente das preocupações dos europeus (37%) se a UE quer reforçar a posição no mundo. Na UE seguem-se as questões energéticas e a segurança alimentar/agricultura (ambas com 30%). Em Portugal, os cidadãos consideram que, para além das questões energéticas e da segurança alimentar (36%), a UE deve priorizar a competitividade, a economia e a indústria (32%).
Benefícios da UE, mas condições de vida piores
Se há uma coisa que este Eurobarómetro da Primavera confirma é que os portugueses não têm dúvidas de que o seu país beneficiou com a adesão à UE em 1986 - 88% responderam afirmativamente, quando a média nos 27 anda nos 71%. E 82% dos portugueses também acreditam que as ações da União Europeia têm impacto na sua vida quotidiana.
Mas não significa que estejam satisfeitos com a evolução das suas condições de vida nos últimos cinco anos. 56% dos portugueses consideram que piorou (45% na UE) e só 4% que melhorou (6% na UE); para 39% manteve-se (49% na UE).
Num vídeo exibido na apresentação do Eurobarómetro, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, recordou que o PE “tem sido, e continuará a ser, a voz e o defensor dos cidadãos da UE” e deixou o apelo: “Usem o vosso voto nas próximas eleições europeias, para reforçar a democracia europeia e moldar o futuro da Europa.”
Fonte: Diário de Notícias