Portugal investiga alegado esquema fraudulento de vistos a partir de Cabo Verde

Em causa pode estar uma rede que abre as portas da Europa, a cidadãos que têm todas as condições para obter um visto, mas acabam por ser empurrados para uma solução ilegal.

Longas filas de espera, atendimento demorado, falta de informações ou respostas negativas. A lista de dificuldades para obter um visto é relatada ao "Nação" por algumas testemunhas, junto ao Centro Comum de Vistos, na Cidade da Praia.

O jornal de Cabo Verde conta que no fundo, não passam de desculpas que alimentam um esquema fraudulento. A ideia é empurrar os candidatos a emigrantes para as mãos de uma alegada rede criminosa que consegue desbloquear processos de forma ilegal, mediante o pagamento de milhares de euros para obtenção de documentos falsos. O objetivo é chegar a Portugal, mas a imprensa de Cabo Verde admite tratar-se de uma rede de tráfico de pessoas para outros países europeus.

No centro do esquema está a entidade que emite os vistos de emigração. O Centro Comum de Vistos é coordenado e gerido pela Embaixada de Portugal na Cidade da Praia, daí o envolvimento das autoridades portuguesas na investigação. O jornal Público conta que no passado mês de julho, o juiz Carlos Alexandre viajou até Cabo Verde, acompanhado por um procurador, e três inspetores da Polícia Judiciária.

A deslocação foi confirmada ao Público pelas autoridades portuguesas, que admitem terem sido realizadas buscas e audições, com base num inquérito aberto em Portugal. O processo é dirigido pelo Ministério Público e está a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Em causa estão os crimes de corrupção passiva e auxílio à emigração ilegal.

Contactado pela TSF, o Ministério dos Negócios Estrangeiros diz que, por norma, não comenta casos judiciais.

Fonte: TSF
Foto: Orlando Almeida/ Global Imagens