PSP recebeu quase 10.000 denúncias em cinco anos por violência no namoro. GNR recebeu 1500 só no ano passado
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A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou no ano passado 1.023 vítimas de violência no namoro, 322 dos quais pediram ajuda enquanto ainda estavam na relação, sendo a maioria mulheres.
A PSP recebeu, em cinco anos, 9.923 denúncias por violência no namoro, anunciou esta sexta-feira em comunicado a força de segurança, que tem em curso nas escolas a campanha de sensibilização "No Namoro Não Há Guerra".
De acordo com a nota, em 2019 foram recebidas 2.185 participações; em 2020, 2.051; em 2021, 2.215; em 2022, 2.109; e, em 2023, 1.363.
"No que concerne a 2024, os dados ainda não se encontram totalmente consolidados", refere a PSP.
Já a GNR avança que, no ano passado, registou 1.592 crimes de violência no namoro, mais 95 do que em 2023, e realizou cerca de 250 ações de sensibilização em todo o território nacional. Os dados ainda são provisórios, mas servem para para assinalar o Dia dos Namorados e para promover a campanha "Estamos cá para te ajudar".
Em 2024, no âmbito desta temática, a GNR realizou cerca de 250 ações de sensibilização, que contaram com a participação de mais de 430 militares, tendo sido sensibilizados mais de 10.700 alunos.
A campanha "Estamos cá para te ajudar" visa "sensibilizar para a importância da eliminação de todas as formas de agressão em relações de namoro, especialmente entre os mais jovens, onde esses comportamentos são precoces, evitando a sua repetição no futuro".
De acordo com os dados avançados pela PSP, em 2023, mais de metade das vítimas (55%) tinha entre 25 e 44 anos, 28% menos de 25 e 17% mais de 45.
Das vítimas, 78% (1063) eram mulheres.
Entre as 1.363 situações denunciadas, 916 ocorreram no âmbito de relações em curso e 447 em contexto de "violência entre ex-namorados".
A PSP lembra que, além de agressões físicas e sexuais e de ofensas e ameaças, também o controlo da forma como o parceiro ou parceira se veste ou quem se relaciona constituem situações de violência.
"Tanto as vítimas como as pessoas que lhes são mais próximas devem estar atentas a sinais de pressão constante para que se isolem do seu núcleo de família e amigos e vivam, cada vez mais, em função da vontade do agressor", alerta a instituição, apelando aos cidadãos que denunciem as situações de violência de que tenham conhecimento.
As participações podem ser apresentadas, entre outros locais, em esquadras ou através dos e-mails escolasegura@psp.pt ou violenciadomestica@psp.pt.
Na quarta-feira, a PSP iniciou até 21 de fevereiro, a propósito do Dia dos Namorados que hoje se assinala, a campanha "No Namoro Não Há Guerra", com a realização de ações de sensibilização direcionadas a adolescentes entre os 13 e os 18 anos de escolas básicas e secundárias.
A temática da violência do namoro tem estado igualmente presente na atividade das equipas Escola Segura, tendo decorrido, desde 2019, mais de 6.300 ações de sensibilização que abrangeram mais de 134.300 alunos de todo o país.
"Só no ano letivo 2023/2024 foram realizadas 1.795 ações de sensibilização que contaram com a participação de 39.295 alunos, em cerca de 330 estabelecimentos de ensino", precisa a PSP.
"Não te prendas a uma relação tóxica. Violência não é amor", apela, na nota, a força de segurança.
A GNR alerta os jovens para a não aceitação da violência, apelando e incentivando à denúncia de qualquer forma de agressão, seja psicológica ou física, incluindo ações que se enquadrem no 'cyberbullying' ou no 'stalking' digital.
A GNR lembra que "a violência no namoro manifesta-se através da violência psicológica e física, e o impacto desta violência em idades precoces, pode resultar na aceitação da mesma no futuro, comprometendo as vítimas, as suas famílias e a sociedade em geral".
APAV apoiou 1.023 vítimas de violência no namoro em 2024
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apoiou no ano passado 1.023 vítimas de violência no namoro, 322 dos quais pediram ajuda enquanto ainda estavam na relação, sendo a maioria mulheres.
De acordo com os dados da APAV, divulgados para assinalar o Dia dos Namorados, que se comemora esta sexta-feira, 322 vítimas pediram ajuda enquanto ainda estavam na relação, 308 (92,8%) das quais estavam num relacionamento heterossexual e 18 (5,4%) em relacionamento homossexual.
Relativamente à faixa etária, a maioria das vítimas tinha entre os 18 e os 44 anos, de acordo com a APAV que pela primeira vez apresenta estatísticas sobre violência no namoro.
A associação indica que 691 vítimas recorreram ao apoio após o fim da relação, 637 (92,2%) das quais em relacionamento heterossexual e 44 (6,4%) em relacionamento homossexual.
A maioria das vítimas são mulheres (87,7%) com idades entre os 25 e os 34 anos.
Segundo os dados da APAV, 65,1% das vítimas que pediram ajuda durante a relação são de nacionalidade portuguesa e 22% estrangeira.
Relativamente às vítimas que procuraram auxílio após o fim da relação, 71,7% eram de nacionalidade portuguesa e 18,5% estrangeira.
Quanto a denúncias, a maioria foram feitas em Lisboa (90 durante a relação e 215 após o fim do relacionamento), Porto (47 durante a relação e 106 após o fim da relação).
Segundo a APAV, a maioria dos agressores das vítimas que pediram ajuda durante a relação são do sexo masculino (89,2%) e mulheres (9,9%).
Quanto às vítimas que pediram apoio após o fim da relação, a maioria dos agressores são homens (88,6%) e mulheres (10,5%).
A APAV indica também que foram registados 94,1% de crimes de violência doméstica e 5,9% de outros crimes e formas de violência durante o relacionamento.
Quanto à violência pós rutura da relação, foram registadas 92,9% de crimes de violência doméstica e 7,1% de outros crimes e formas de violência.
"A violência no namoro acontece quando, no contexto das relações de namoro, um dos parceiros recorre à violência com o objetivo de se colocar numa posição de poder e controlo. Esta violência pode assumir diferentes formas e nenhuma pode ser tolerada", alerta a APAV.
A APAV está disponível para ajudar através dos seus diferentes serviços, nomeadamente da Linha de Apoio à Vítima 116 006, chamada gratuita e confidencial.
Fonte: Diário de Notícias
Foto: Paulo Spranger/Global Imagens