Banca dá mais juros nos depósitos ao balcão que online
Taxas de juro entre depósitos constituídos ao balcão dos bancos chega a ser o dobro da oferecida pelas instituições financeiras nas aplicações constituídas por via digital.
Quem vai ao balcão fazer uma qualquer operação acaba por pagar mais em comissões do que se o fizesse recorrendo aos canais digitais. Ir à agência pode, por isso, sair caro, mas também gerar retornos mais elevados caso a razão da “visita” seja a de fazer uma aplicação financeira, nomeadamente constituir um depósito a prazo. Retorno pode ser o dobro do obtido online.
No Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2020, o Banco de Portugal revela que “as 19 instituições analisadas tinham em comercialização 276 depósitos a prazo simples nos prazos mais representativos, o que compara com 273 depósitos no final do ano anterior”. A grande maioria destas aplicações era comercializada através de canais tradicionais. Por exemplo, ao balcão da instituição.
“No final de 2020, 81,5% dos depósitos estavam em comercialização nos canais tradicionais e 18,5% em exclusivo nos canais digitais (19,8% em 2019)”, diz o supervisor, salientando que dos 51 depósitos comercializados em exclusivo nos canais digitais, quatro depósitos eram comercializados exclusivamente através da aplicação móvel da instituição”.
Os depósitos constituídos ao balcão dos bancos dominam a oferta, mas não só. Também dominam em termos da taxa que se consegue obter, isto num contexto de juros muito baixos: as “taxas de remuneração médias dos depósitos diminuíram ligeiramente, face a 2019”, segundo Banco de Portugal, salientando que as “taxas de remuneração praticadas no final de 2020 variavam entre 0% e 2%”. Do total, 14,5% não pagavam qualquer juro.
“A taxa de juro média dos depósitos comercializados nos canais tradicionais era mais elevada do que a dos depósitos disponibilizados exclusivamente nos canais digitais, em todos os prazos“, revela o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2020, salientando que em alguns prazos chega a ser o dobro.
Se o diferencial de taxas de juro entre canais tradicionais e online (ou app) “era praticamente nulo no prazo de um mês”, chegava a um “máximo de 0,13 pontos percentuais no prazo de três meses”. “Neste prazo, a taxa de juro média era de 0,13% nos depósitos comercializados nos canais digitais, que comparava com 0,26% nos canais tradicionais”, remata.
Segundo o Banco de Portugal, a explicação para este “fenómeno” está na flexibilidade das aplicações feitas nos diferentes canais. “Os depósitos comercializados em exclusivo nos canais digitais eram mais flexíveis do que os comercializados nos canais tradicionais em termos de montantes mínimos de constituição, possibilidade de mobilização antecipada, reforço e renovação, o que contribuiu para explicar a diferença nas Taxas Anuais Nominais Brutas médias entre os dois canais de comercialização”.
Fonte: ECO